Na chegada ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), na manhã desta quinta-feira, 31 de outubro, a ministra Anielle Franco, irmã de Marielle Franco, afirmou que não cabe a ela ou aos familiares perdoar Ronnie Lessa. Durante o depoimento ao tribunal do júri, o executor confesso da vereadora e do motorista Anderson Gomes pediu desculpas pela morte.
Anielle: “Não sou eu que tenho que perdoá-lo”
“Eu sou uma mulher, assim como Luyara e a minha mãe, que fomos ensinadas a sermos cristãs. Acho que não sou eu que tenho que perdoá-lo. Ele tem que ser perdoado por qualquer religião que ele tenha, mas é difícil falar de perdão e de sentimento quando a gente não tem a Mari aqui”, afirmou Anielle.
Além das duas, Marinete Silva, mãe de Marielle, também chegou para acompanhar o segundo dia de julgamento do caso.
Anielle confirmou que a família ficou abalada com os depoimentos do primeiro dia de julgamento, que contou com os depoimentos da jornalista Fernanda Chaves, assessora de Marielle e sobrevivente do atentado; da mãe da vereadora, da viúva Mônica Benício, de Ágatha Arnaus, viúva de Anderson.
“Um dia em que a gente reviveu tudo e falamos isso quando saímos daqui. Cada vídeo, cada áudio, tudo marca a gente”, completou Anielle.
Pedra no caminho
Em depoimento, Ronnie Lessa afirmou que Marielle se tornou uma “pedra no caminho” dos mandantes do assassinato. Ele deu detalhes sobre como cometeram, como o momento do emparelhamento do carro dirigido por Élcio de Queiroz no momento em que ele fez os disparos.
Posteriormente, Ronnie pediu desculpas à família das vítimas: “Eu gostaria de aproveitar a oportunidade e com absoluta sinceridade e arrependimento pedir perdão as famílias do Anderson, da Marielle e a minha própria, a dona Fernanda e a toda sociedade pelos fatídicos atos que nos trazem aqui”.
Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, que também confessou participação no assassinato, podem ser condenados a até 84 anos de prisão.
“Como eu disse anteriormente, eu fiquei cego mesmo, louco atras desse (…) a minha parte era R$ 25 milhões. Então eu podia falar assim: ‘É o Papa’ e eu ia matar o Papa porque eu fiquei louco atras daquilo ali”, disse Ronnie.
A família de Marielle ficou abalada com o depoimento. Luyara Franco, filha de Marielle, deixou a audiência assim que Ronnie começou seu depoimento. Ela chegou a passar mal e voltou posteriormente, após 1h.
Ágatha Arnaus, viúva de Anderson, começou a chorar quando Ronnie afirmou que não pretendia matar o motorista.
Muitos parentes e amigos preferiram ficar no corredor do 9º andar do Tribunal de Justiça, no Centro do Rio. A ministra Anielle Franco passou boa parte do tempo caminhando pelo corredor.