José Aparecido Faria, de 72 anos, ainda está muito abalado após ser vítima de um erro médico em Birigui, São Paulo. O idoso, que esperava então por uma cirurgia de hemorroida, teve a vesícula retirada durante o procedimento realizado na Santa Casa da cidade. O incidente ocorreu no dia 11 de junho, deixando Faria e sua família em estado de choque.
Três anos de espera e um erro inesperado
Faria aguardava então há três anos na fila de espera para a cirurgia de hemorroida. Ao receber a confirmação de que seria chamado, ele decidiu enfrentar seus medos e buscar a ajuda médica necessária.
“Estou nessa luta por anos e chegar ao ponto de aceitar fazer uma cirurgia como essa, não foi fácil. Mesmo aceitando, tive que esperar por mais alguns anos e conviver com dores diárias, passando pomadas e tudo o que era necessário. Recebi a ligação que iria fazer a cirurgia no dia 7 de junho, já fiquei ansioso e com medo. Fui para fazer uma cirurgia e sai com outra e o problema aqui continua. Confesso que, se já estava com medo antes, imagine agora”, explicou José Aparecido.
Descoberta do erro
José deu entrada na Santa Casa para a realização do procedimento, que durou quase cinco horas. Ao acordar da anestesia, percebeu um corte de aproximadamente 15 centímetros na barriga, com nove pontos. Foi então que decidiu questionar a enfermeira sobre o ocorrido.
“Quando sai da cirurgia e passei a ter dores na região do abdômen, já fiquei desconfiado. Mas quando fui para o quarto e a enfermeira chegou para ver os pontos e ajeitar o curativo, tive certeza. Ainda tem o fato da médica que fez o erro sequer ter passado para falar comigo após a cirurgia, enviando outro médico que parecia não entender e também não acreditar no que havia acontecido”, lamenta o idoso.
Adaptação e busca por Justiça
Após o procedimento, José teve que se adaptar a uma nova rotina, especialmente em relação à alimentação. Ele recebeu alta do hospital na quinta-feira, 13 de junho, e começou uma nova dieta.
“Daquele momento em diante foi um desespero para mim e para a minha família, porque não estávamos entendendo nada e eu com muita dor na região da cirurgia, tendo que tomar até morfina para que a dor passasse. Foi um dos piores momentos da minha vida”, contou.
José relata que sente dores no abdômen toda vez que precisa fazer algum movimento, dificultando ainda mais a superação do trauma. Diante dessa situação, a família acionou advogados e busca por justiça. Um boletim de ocorrência também foi registrado.
“Infelizmente, de hoje em diante, vou ter que fazer diversas adaptações no meu dia a dia, a começar com a dieta, que terá que ter restrições devido à retirada da minha vesícula que, registra-se, estava velhinha, mas estava boa”, reforçou Faria.
Respostas do hospital e das autoridades
O hospital ofereceu outra equipe para realizar o procedimento adequado para a remoção da hemorroida, mas Faria ainda terá que enfrentar outra cirurgia.
“Sem contar que agora tenho essa cicatriz enorme na barriga, que ficará pra sempre marcada na minha pele, em um dia que gostaria de esquecer, mas vou lembrar todos os dias quando olhar para ela”, finalizou José Aparecido.
Os advogados da família, Dr. Fernando Guido e Tainá A. Doná, informaram que estão acompanhando de perto a sindicância aberta na Santa Casa de Birigui e a investigação referente ao boletim de ocorrência junto à Polícia Civil da cidade.
A Santa Casa de Birigui confirmou o ocorrido no centro cirúrgico e declarou que abriu uma sindicância para apurar os fatos, além de tomar as medidas administrativas e legais cabíveis. O Conselho Regional de Medicina (Cremesp) também iniciou uma apuração a partir dos fatos noticiados pela mídia.