Na madrugada da última quarta-feira, 19 de fevereiro, o céu noturno do norte da Europa foi iluminado pela queda de uma série de fragmentos em chamas. Os objetos foram avistados por pessoas na Dinamarca, na Suécia e no Reino Unido. Pela manhã, a Polônia anunciou que parte dos detritos havia caído em seu território, e identificou que se tratavam de restos de um foguete Falcon 9, da SpaceX.
Como relata a CBS News , a polícia local e a Agência Espacial Polonesa (Polsa), em ação conjunta, confirmaram a presença de um tanque carbonizado com cerca de 1,5 m x 1 m atrás de um armazém na vila de Komorniki, e de outro entulho semelhante em uma floresta de Wiry. Os locais são relativamente próximos um do outro e se encontram na região oeste do país.
Não houve relatos de feridos entre a população, nem de grandes prejuízos financeiros em relação a casas ou comércios afetados pelos destroços – uma única luminária parece ter sido danificado no pátio do armazém. As autoridades ainda investigam como o objeto espacial foi parar nos locais.
Falha no foguete da SpaceX
Provavelmente, o foguete que caiu é o mesmo utilizado pela empresa de Elon Musk no lançamento do dia 1º de fevereiro, da Base Aérea de Vandenberg, nos Estados Unidos. A missão tinha como objetivo soltar mais alguns satélites Starlink na órbita baixa da Terra.
“Ele deveria ter reentrado na atmosfera do planeta de forma controlada e cair no Oceano Pacífico”, explica Jonathan McDowell, astrofísico da Universidade de Harvard, à BBC. “Mas o motor falhou. Nós o vimos orbitando a Terra nas últimas semanas e estávamos antecipando uma reentrada descontrolada, que é o que as pessoas viram queimando no céu”.
Estima-se que os fragmentos tenham passado pelo Reino Unido a uma velocidade de aproximadamente 27mil km/h, antes de atingir a Polônia por volta das 4h45, em horário local. Os especialistas acreditam que partes do foguete também tenham parado na Escandinávia e na Ucrânia.
Problema em crescente
Detritos espaciais de foguetes e satélites reentram na atmosfera da Terra várias vezes por mês. Normalmente, pedaços de detritos espaciais são totalmente queimados pela atmosfera, mas alguns fragmentos maiores podem cair descontroladamente no solo e serem muito perigosos.
“Até agora, tivemos sorte e ninguém se machucou. No entanto, quanto mais lixo espacial nos colocamos na órbita da Terra, mais rápido a nossa sorte pode acabar”, afirma McDowell. “Este já é o quarto incidente recente com um SpaceX Falcon a causar preocupações. Parece que falhas como a mais recente estão se tornando comuns”.
Um estudo publicado no mês passado sugere que, no futuro próximo, os detritos espaciais envolta da Terra poderiam se tornar um problema crescente para as aeronaves e a vida em solo. Vale lembrar que, no final de dezembro de 2024, objetos com mais de 450 kg caíram em uma vila no Quênia, por exemplo.
Por mais que a empresa ainda não tenha se pronunciado oficialmente sobre o assunto, mesmo procurada pela imprensa, a SpaceX está em comunicação com as autoridades polonesas, segundo Polsa indicou à agência de notícias PAP.
