Influenciador e empresário Léo Picon — Foto: Leo Franco/AgNews

A Justiça do Trabalho condenou, em primeira instância, o influenciador Léo Picon por contratar uma funcionária sem carteira assinada e não pagar os direitos trabalhistas dela. Segundo o processo, ao qual o g1 teve acesso, o influencer era o “sócio oculto” de um bar onde a mulher atuou como gerente durante quatro meses, no bairro de Casa Forte, na Zona Norte do Recife.

A defesa de Leonardo Picón Fróes recorreu da decisão. Procurado, o advogado do empresário negou que ele tenha sido sócio do estabelecimento e disse que o cliente apenas ajudou um amigo a abrir o negócio por meio de um empréstimo.

O caso veio à tona após falas recentes do influenciador contra a proposta de emenda à Constituição (PEC) que reduz a jornada máxima de trabalho de 44 para 36 horas semanais, além da revisão da chamada “escala 6×1”.

Entretanto, a sentença foi publicada no dia 18 de outubro deste ano pela juíza Paloma Daniele Borges dos Santos Costa, do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6).

A ação contra Léo Picon tramita desde maio de 2022 e foi movida por Priscila Xavier de Moraes, que trabalhou no Picon’s Rockstar Café entre agosto e dezembro de 2021. A empresa, registrada como Koala Bar e Entretenimento Ltda, fechou em fevereiro de 2024.

Na decisão, a magistrada disse que “parece ilógico” o argumento da defesa de Léo Picon de que o influenciador não participava da sociedade com o dono da empresa, o empresário Caio Remígio Correia Marques Moraes. O g1 tenta contato com a defesa de Caio Remígio.

“Ele levanta fundamentos para justificar que nunca foi sócio da empresa que ferem a razoabilidade. Revela-se cristalina a sua participação na sociedade, ainda que tenha sido no sentido de “emprestar” dinheiro ao sócio Caio para ‘abrir’ o estabelecimento”, afirmou a juíza no documento.

O valor da causa é de R$ 25.968,62. Ao g1, a advogada Heloísa Helena de Araújo Lima, que representa Priscila Xavier de Moraes, disse que, no processo, pediu o reconhecimento do vínculo trabalhista e o pagamento de direitos trabalhistas, além de multa pelo fato de os patrões não terem assinado a carteira da funcionária.

“Eles não pagaram nada. Só pagavam a diária [de cada dia trabalhado], só que as diárias eram contratadas de quinta até domingo. Então, eles não pagavam nada de férias, vale-transporte, 13º, FGTS, rescisão”, afirmou Heloisa Helena de Araújo Lima.

Segundo a advogada, além de Priscila, ao menos outros cinco funcionários trabalhavam no local na mesma época, também sem carteira assinada, mas fizeram um acordo com os proprietários quando o estabelecimento fechou.

Heloísa Helena de Araújo contou ainda que, além de funcionar como bar e local de eventos, o espaço comercializava produtos, como roupas e acessórios, de marcas do influenciador.

“A gente conseguiu os dois [sócios]. Esse outro é o sócio registrado. Ele estava registrado na Junta Comercial como único sócio. Só que, pela consulta e por relatos, a gente sabe que Léo Picon atuava ali, ativamente, como sócio também. […] Os relatos são de que ele pagava os salários e toda a questão ficava era com ele”, afirmou a advogada.

O que diz Léo Picon

Procurado, o advogado Guilherme Luiz Francisco, que representa Léo Picon, disse que não há no processo nenhuma prova de que o influenciador foi sócio da Koala Bar e Entretenimento Ltda., que se apresentava com o nome fantasia de Picon’s Rockstar Café.

“Leonardo nunca participou de gestão, nunca teve autonomia dentro da empresa, nunca teve ligação com a pessoa jurídica. A gestão era uma coisa exclusiva de Caio”, afirmou o advogado.

Segundo ele, a juíza entendeu que o influencer era responsável pela empresa apenas por ter emprestado dinheiro para ajudar Caio Remígio Correia Marques Moraes, de quem era amigo, a abrir o negócio.

“A relação entre Leonardo e essa empresa jamais existiu. Caio era amigo pessoal de Leonardo, que fez um empréstimo para ele abrir o estabelecimento. Ficou pré-estabelecido Caio pagar Leonardo em, salvo engano, 24 notas promissórias […] e não pagou nenhuma. Houve um desgaste na relação entre eles e nunca mais tiveram contato”, disse Guilherme Luiz Francisco.

Sobre o uso do nome “Picon” pela empresa, o advogado disse que foi uma forma de homenagear o influenciador por ter apoiado o empreendimento, mas que, a partir do desentendimento entre os dois poucos meses depois da inauguração, o estabelecimento mudou de denominação.

“Foi uma homenagem que Caio fez para Leonardo por conta de ter realizado o sonho dele, de ter fomentado o desejo dele de abrir o empreendimento. E depois, quando foram vencendo as parcelas e não sendo pagas, teve o rompimento dessa relação de amizade e não tinha motivo para continuar o nome lá”, falou o advogado.

Na quarta-feira, 13 de novembro, o influenciador também se manifestou nas redes sociais por meio de uma nota publicada nos stories do Instagram. No texto, o empresário afirmou que:

G1 PE

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