O renomado pensador quilombola Antônio Bispo dos Santos, conhecido como Nêgo Bispo, foi sepultado nesta segunda-feira (4) na roça do Quilombo Saco-Curtume, em São João do Piauí, local que escolheu para descansar após sua partida no domingo, 3 de dezembro. Em reconhecimento à sua trajetória, a prefeitura decretou luto oficial de três dias na cidade.
A família atendeu ao pedido de Bispo, que morou a maior parte de sua vida na roça do Quilombo Saco-Curtume. O velório transcorreu ao longo do dia.
O prefeito Ednei Amorim destacou a relevância dos serviços prestados por Nêgo Bispo ao município: “Foi professor, escritor e, sobretudo, um dos principais expoentes da luta em defesa das comunidades quilombolas brasileiras.”
Nêgo Bispo desempenhou papéis significativos em movimentos sociais e organizações de defesa dos quilombolas. Seu falecimento provocou reações de pesar de filósofos, políticos, artistas e ativistas que reconheceram sua contribuição única.
Como filósofo, poeta, escritor, professor e ativista político, Nêgo Bispo publicou três livros e diversos artigos sobre a história de luta do povo negro. Dessa forma, ele introduziu o conceito de contra-colonialismo, uma postura que fortalece a cultura, práticas e organização social como formas de resistência aos esforços de imposição dos colonizadores. Para ele, a contra-colonização era o “antídoto” contra a colonização, que descrevia como “veneno”. Enfim, o legado de Antônio Bispo dos Santos permanece como inspiração na contínua busca por justiça e igualdade.
