Você já parou para pensar que, assim como temos uma mão dominante, também temos um olho dominante? O olho dominante é aquele que processa melhor as informações visuais e, portanto, tende a fornecer uma imagem mais precisa ao cérebro, guiando a visão binocular.
“É o olho que lidera a visão binocular, sendo responsável pela coordenação da maioria das tarefas que exigem precisão visual”, explica o oftalmologista Tiago César Pereira Ferreira, em entrevista ao Terra Você.
Esse detalhe pode influenciar atividades como mirar em um alvo no tiro esportivo ou fazer ajustes fotográficos.
Como é feito o teste do olho dominante?
Existem alguns métodos simples e eficazes para identificar o olho dominante. O Teste de Miles, também conhecido como “teste do buraco nas mãos”, é um dos mais comuns.
Para realizá-lo, basta formar um pequeno buraco com as mãos, fixar um objeto distante com ambos os olhos abertos e, em seguida, fechar um dos olhos de cada vez. O olho que mantém o objeto centralizado é o dominante. Outra alternativa é o Teste do Triângulo, onde as mãos formam um triângulo para o mesmo propósito.
Esses testes têm uma boa precisão, embora certas condições, como o estrabismo ou baixa acuidade visual, possam influenciar os resultados. Para casos mais complexos, exames oftalmológicos mais detalhados, como o uso do foróptero, podem ajudar a determinar com precisão o olho dominante.
Todo mundo tem um olho dominante?
Embora a maioria das pessoas tenha um olho dominante, há quem apresente dominância alternada ou indefinida. “A ausência de dominância clara é mais comum em pessoas com visão equilibrada entre ambos os olhos”, explica o oftalmologista.
Em situações como a ambliopia (conhecida como “olho preguiçoso”) ou após cirurgias oculares, a dominância ocular pode ser menos pronunciada ou até modificada.
Em pacientes com estrabismo, por exemplo, a dominância pode se adaptar conforme o alinhamento ocular. Nesses casos, a preferência do cérebro por um dos olhos varia, dependendo da direção em que a pessoa está olhando.
Conhecer o olho dominante pode ser importante em diversas atividades e práticas. No tiro esportivo, no arco e flecha e até mesmo no golfe, a dominância ocular ajuda o atleta a ajustar sua postura e técnica.
“Fotógrafos também podem se beneficiar ao usar o olho dominante para visualizar melhor o enquadramento através da câmera”, acrescenta o médico.
O teste do olho dominante também é fundamental em ajustes de óculos e lentes de contato. Em tratamentos como a monovisão, usados para corrigir a presbiopia, o olho dominante é geralmente corrigido para a visão de longe, enquanto o olho não dominante é ajustado para a visão de perto. No caso de lentes multifocais, a dominância ocular influencia a adaptação aos óculos, garantindo uma experiência visual mais confortável.
A dominância ocular pode mudar?
A dominância ocular pode sofrer alterações ao longo do tempo, especialmente em resposta a doenças ou tratamentos oculares. “Condições como catarata, degeneração macular ou descolamento de retina podem forçar o cérebro a depender mais do olho saudável, modificando a dominância”, explica o especialista.
Além disso, intervenções cirúrgicas, como a correção de miopia, podem mudar o olho dominante, pois o olho corrigido tende a oferecer uma visão mais nítida e detalhada.
Pacientes com ambliopia, por exemplo, sempre terão o olho de maior acuidade visual como dominante. Já em casos de estrabismo, a dominância pode alternar conforme o desvio ocular, o que leva a uma adaptação cerebral constante.
Seja para ajustar a técnica esportiva ou para garantir o conforto visual em tratamentos corretivos, entender qual olho lidera a visão é mais uma ferramenta para aperfeiçoar a nossa experiência visual.