Colidio comemora o gol marcado pelo River Plate contra o Colo-Colo, pela Libertadores — Foto: EFE

Eis que um intruso de respeito ameaça interromper a série de títulos brasileiros na Copa Libertadores da América, que hoje são cinco em sequência. Às vezes vítima, outras vezes carrasco, o velho conhecido River Plate alcançou as semifinais após bater o Colo Colo por 1 a 0 no Monumental de Núñez, com gol de Facundo Colidio, logo aos 17 minutos. Apesar da vitória magra, a atuação dos millonarios foi consistente, fazendo valer o empate, este sim cheio de brios, conquistado na semana anterior, quando os chilenos jogaram como nunca e falharam como (quase) sempre.

O River Plate marcar presença entre os quatro melhores do continente não merece parar as impressoras. Quem sabe nem mesmo uma manchete com caixa alta e exclamações. Mas há outros fatores que merecem toda a atenção dos demais candidatos a escalar o cume futebolísitico da Cordilheira. Acontece que o time do norte de Buenos Aires investiu, neste meio de temporada, o suficiente para montar uma máquina de jogar futebol. Certamente não comparável a La Maquina de Ángel Labruna, a mitológica equipe dos anos 1940, mas ainda assim uma engrenagem que está autorizada a manter toda a ilusión de conquistar a Libertadores.

Senão, vejamos. Antes de mais nada, há o retorno de Marcelo Gallardo. Este sim um evento capaz de monopolizar capas de jornais, voltando para onde nunca saiu de fato. Era justamente ele, Napoleón como o chamam, o comandante do último título não brasileiro da Libertadores, naquela ao mesmo tempo antológica e traumática final disputada contra o Boca em Madrid, em 2018 — La final del mundo. Porque El Muñeco Gallardo na casamata do River é como Senna na McLaren ou Pelé no Santos ou Alexandre Pires no Só Pra Contrariar. Enfim, vocês entenderam a potência da relação.

River e Gallardo – O fio de ouro que pode conduzir ao título

Mas não é apenas isso. A Conmebol ainda não confirmou, mas é como um baralho em que todas as cartas apontam para a Avenida Figueroa Alcorta: a final da Libertadores deve acontecer no Monumental de Núñez, há pouco tempo reformado para receber quase noventa mil pessoas. Portanto, Marcelo Gallardo é o fio de ouro que deve conduzir a campanha rumo a um título que será disputado na própria casa millonaria. Seguindo o apelo de sua gente, o River Plate abriu a guaiaca e investiu quase cem milhões de reais para reforçar o time na última janela — não causaria impressão em um torcedor do Botafogo de John Textor, mas ainda assim é o suficiente para alimentar os sonhos mais atrevidos.

Entre outros, chegaram Fabricio Bustos (lateral-direito, ex-Inter), Maxi Meza (meia, ex-Monterrey) e Adam Bareiro (atacante que era destaque no San Lorenzo). E, pasmem, dois recentes campeões mundiais com a seleção argentina: o zagueiro Germán Pezzella e o lateral-esquerdo Marcos Acuña. No momento, na Argentina o elenco do River Plate é comparável ao que o Flamengo representa para o futebol brasileiro. No que se refere ao calendário, é um time formado para vencer. E vencer com urgência, mais especificamente no dia 30 de novembro.

Os clubes brasileiros ainda são favoritos — é o que hoje tudo indica. Afinal de contas, nós gastamos muito há mais tempo, e gastamos cada vez mais. E também temos camisas pesadas e a mesma louca vontade de ganhar a Libertadores. No entanto, o River Plate, que na semifinal espera o vencedor de Atlético-MG e Fluminense, decidiu elevar à máxima potência o fator local (e o próprio conceito de territorialidade no futebol) e parece ter sentenciado: para levantar a Libertadores no Monumental, vai ser preciso bater o time da casa.

GE

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