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Incêndios em Goiás deixaram áreas devastadas – Foto: Divulgação/Polícia Civil

O Brasil enfrenta a maior seca da história, que afeta 1.400 cidades em nível extremo ou severo, devido ao período de estiagem, que chegou mais cedo neste ano. A situação é um exemplo concreto das mudanças climáticas.

Em entrevista do Fantástico, da Globo, neste domingo, 8, o pesquisador Giovanni Dolif, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), disse que tudo indica que a alta na temperatura vem para ficar.

“E mais grave do que isso: nós brasileiros estamos sentindo um aquecimento acima dessa média global. Nesse inverno, o trimestre junho, julho e agosto teve em São Paulo, por exemplo, dois graus acima da média”, afirmou. 

Incêndio em área de Sertãozinho, no interior paulista. Governo paulista determinou instauração de gabinete de crime para avaliar queimadas no Estado de SP – Foto: Divulgação/PRF – 24/08/2024 / Estadão

“Nós atingimos a temperatura mais alta que o planeta já enfrentou desde o último período interglacial, 120 mil anos atrás”, destacou o climatologista Carlos Nobre ao Fantástico, um dos cientistas que alertaram sobre as consequências das mudanças climáticas.

Isso faz com que todos os eventos extremos “explodam”, segundo o especialista. Por isso, as ondas de calor, secas, e chuvas, ficam mais intensas do que o normal, além dos recordes de incêndios florestais.

Com o tempo mais seco, o fogo avança com mais facilidade em várias regiões do Pantanal, um dos biomas mais importantes do mundo. Os rios que abastecem o Pantanal surgem, em sua maioria, no Cerrado, que está 60% desmatado, segundo a cientista Luciana Gatti disse ao Fantástico.

“O problema do abastecimento dos rios não é tanto o que está acima da superfície, mas principalmente o que está abaixo da superfície, porque o Cerrado é como se fosse uma floresta de ponta cabeça. As raízes são a floresta exuberante que ajuda as águas a irem para o lençol freático e os rios terem um volume mais alto. Mas desmatando, as raízes também morrem”, disse Gatti.

Incêndios criminosos

De acordo com a Polícia Federal, a maior parte dos incêndios que afetam as florestas brasileiras foram iniciados por ação humana, com raras exceções. A certeza se deu pela concomitância que aconteceram, em momentos e locais, e também pelos indícios de que o crime aconteceu por dolo – quando há intenção.

A PF investiga se as ações foram coordenadas, e apura o motivo que levou os autores a cometerem os incêndios criminosos em todo o país.

Em Novo Progresso, no Pará, onde aconteceu o ‘Dia do Fogo’ em 2019, uma nova articulação de invasores e grileiros aconteceu para queimar a floresta. O caso foi publicado até em um jornal da região.

O governador quer endurecer as punições para quem causa incêndio criminoso, com aumento da pena. Atualmente, a punição é de dois a sete anos de prisão. Ele também quer confiscar as propriedades dos criminosos, assim como acontece em casos de trabalho análogo à escravidão, e vedar o acesso ao crédito.

Florestas em risco

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, diz que devido à redução do desmatamento, houve uma mudança no crime ambiental na Amazônia quando as pessoas se deram conta de que o fogo também se alastra na floresta com árvores de pé.

“Isso significa que a floresta, em função da mudança do clima, perdeu umidade e agora eles estão fazendo essa aliança perversa. Bota fogo, depois derruba e tenta se apropriar dessas áreas por processos de regularização fundiária”, disse ao Fantástico.

“O fogo está sendo o novo desmatamento. Então, tem que cercear qualquer forma de regularização que esteja associada à apropriação criminosa dessas áreas, até porque é terra pública”, completou.

Terra

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