Um ônibus lotado de torcedores do Botafogo passou por uma situação inusitada a caminho de Buenos Aires, na Argentina, palco da final da Copa Libertadores 2024. Devido à falta de passagens aéreas e ao alto preço, o grupo fretou um ônibus para levar os torcedores do Rio de Janeiro até a capital argentina.
Ao passar na fronteira do Brasil com a Argentina, o veículo foi parado pela Polícia Federal para uma vistoria de rotina. Os agentes costumam passar um “pente fino” e verificar malas e documentos. Após vistoriar o ônibus, os policiais constataram que o motorista estava com um mandado de prisão em aberto, devido à falta de pagamento de pensão alimentícia.
Os agentes precisaram prender o motorista, para que ele prestasse os esclarecimentos necessários à Justiça. Desamparados e já sem esperança, os torcedores ficariam pela estrada. Mas, em meio à confusão: um dos passageiros com carteira de motorista D, que é habilitada para dirigir ônibus, assumiu a condução do veículo e levou o ônibus por uma parte do trajeto.
Torcedor do Botafogo desde criancinha
O Júnior Gomes é autônomo, tem 30 anos, mora no Rio de Janeiro, e é botafoguense desde criança. Ele salvou a caravana levando o veículo por alguns quilômetros, onde outro motorista da empresa contratada assumiu a missão.
“Paramos numa blitz da PF. Aí, puxaram o documento de todo mundo, estava tudo certinho. Quando foi ver do motorista, ele estava devendo a pensão alimentícia. Aí, tipo, naquela pressão aí, o que a gente faz? Aí eu me ofereci, né? Eu falei, pô, eu tenho tem habilitação, se os caras deixarem eu levar, eu levo. Aí o responsável da caravana chegou, conversou com o policial, falou que tinha outro motorista mais à frente, perguntou se eu poderia levar e ele liberou a gente. Eu não esperava essa repercussão toda, eu estava sem internet, a internet estava toda hora caindo na estrada. Então, eu fiquei por fora. Depois, o pessoal veio falar comigo. Olha o motorista, olha o motorista aí. Lá na fronteira também, o pessoal veio falar comigo, tirando foto. E eu sou um pouco tímido”, contou.
O Júnior faz parte dos milhares de botafoguenses que encararam a estrada para poder ver a final da Libertadores. Foram quase quatro dias de viagem. Ele disse que está muito otimista e que quer voltar para casa com o título.
“Cara, a gente saiu do Rio quarta-feira, umas 11 horas, chegamos aqui 8 horas hoje [sábado]. Cara, não sei nem explicar as emoções que eu tô sentindo, ainda aconteceu isso tudo. É uma explosão de emoções, sabe, cara? Eu tô me tremendo aqui. Primeira vez na final, a gente sonha com isso em todo momento. E agora tá acontecendo, cara. Tô muito emocionado. Imagina, ser campeão aí agora e ter essa história do ônibus pra contar? Meu filho que vai se amarrar, meu filho tem cinco meses. Vou contar essa história pra ele, ele não vai nem acreditar”, disse.
Se for campeão, o Botafogo conquista um título inédito na história do clube, já que é a primeira vez que o alvinegro carioca chega à final da Libertadores.