Vinhedo – Na última semana, o acidente aéreo envolvendo um avião ATR-72 da Voepass em Vinhedo, deixou 62 vítimas fatais, sendo 58 passageiros e quatro tripulantes. A aeronave caiu “girando”.
Análises preliminares de analistas em segurança de voo dizem que a formação de gelo sobre as asas pode ser uma das hipóteses a ser investigada como causa da tragédia.
Conforme o especialista em segurança de voo Roberto Peterka, a aeronave pode ter entrado em uma condição conhecida como “parafuso chato”.
Para entender, é preciso saber que existe uma condição chamada “parafuso” — manobra acrobática onde o avião mergulha com o nariz embaixo, descendo na vertical e girando sobre seu eixo longitudinal sob controle, explicou Peterka. Nessa situação, o piloto aplica comandos e retira o avião dessa condição.
Contudo, explica Peterka, o parafuso chato — o que pode ter acontecido com a aeronave da Voepass — ingressa inadvertidamente, também num processo de giro, porém com as asas na posição horizontal, sem velocidade horizontal que permita a sustentação da aeronave; só velocidade vertical (queda livre).
“É dificílimo comandar a saída do avião dessa condição”, disse Peterka.
Todos aviões são assim?
Conforme disse o especialista, cada avião tem os procedimentos de respostas adequadas para a situação do parafuso.
“Como o piloto tem o controle da situação, aplica os comandos recomendados para sair dessa situação, adquirir a condição do voo horizontal”, disse.
Roberto Peterka avalia ainda que o parafuso chato necessita que seja deslocado o centro de gravidade, para permitir que o piloto reassuma os comandos, mas é de difícil execução.
Quando questionado se a idade do avião e a manutenção da aeronave pode ter influenciado no acidente, Peterka explica que não existe avião velho.
“Desde o desenvolvimento do projeto da aeronave, é estabelecido um programa de manutenção que, se cumprido, permite mante-la em condição de aeronavegabilidade com segurança”, afirmou.
Ele afirma que realizar planejamento de voo criterioso e seguir os procedimentos de operação segura da aeronave. Dessa maneira, respeitando os limites da aeronave e os seus próprios.