Registro do asteroide 2023 DZ2, o maior desde 2019 a se aproximar da Terra — Foto: Divulgação/The Virtual Telescope Project

A humanidade poderia recorrer a armas nucleares para desviar o curso de um asteroide em direção à Terra, propuseram cientistas em um experimento de laboratório que consistia em bombardear com raios-x um alvo do tamanho de uma bola de gude. O teste de defesa planetária em maior escala ocorreu em 2022, quando a espaçonave DART da NASA impactou e alterou a trajetória de um asteroide de 160 metros de largura.

Mas a estratégia usada pelo DART pode não ser suficiente para um objeto maior, como o Chicxulub, um asteroide de cerca de 10 km que impactou a Terra há 66 milhões de anos e mergulhou o planeta num inverno que eliminou três quartos das espécies terrestres, incluindo dinossauros.

O filme de ação “Armageddon”, de 1998, imaginou um cenário em que uma equipe tão imprudente quanto heroica viajava até um asteroide de 1.000km de largura para explodi-lo usando uma bomba nuclear.

Pesquisadores americanos publicaram esta semana na revista Nature Physics um experimento em um modelo de asteroide de 12 milímetros de largura, que foi submetido a uma explosão de raios-x nos Laboratórios Nacionais Sandia em Albuquerque, no estado americano do Novo México.

A máquina é capaz de produzir “o feixe mais brilhante do mundo”, disse à AFP o principal autor do estudo, Nathan Moore, que trabalha no laboratório. A maior parte da energia produzida por uma explosão nuclear está na forma de raios-x. E, no espaço, onde não há atmosfera, não haveria nem onda, nem bola de fogo.

No laboratório de Sandia, os raios-x pulverizaram a superfície do miniasteroide e o alvo foi impulsionado na direção oposta. Agindo como o “motor de foguete”, segundo Moore, o teste enviou o alvo a 250 km/h, confirmando “pela primeira vez” teorias que previam tal efeito.

Os pesquisadores usaram dois tipos de miniasteroides, um feito de quartzo e outro de liga de sílica. E criaram um modelo para concluir que uma explosão nuclear seria suficiente para desviar o curso de um asteroide com 4km de diâmetro. Desde que você detecte isso cedo o suficiente.

O modelo utilizado pressupõe uma bomba de um megaton, mais de 60 vezes mais potente que a bomba de Hiroshima, que deverá explodir a poucos quilômetros do seu alvo, mas a milhões de quilômetros da Terra.

Realizar esta experiência em condições reais seria perigoso, muito caro e contrário a todos os tratados internacionais. Mas nada impede estudar o assunto e “preparar-se para todos os cenários”, porque, como explica Moore, “a maior incerteza por enquanto” é que existem asteroides de “todos os tipos”.

Mary Burkey, pesquisadora do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia, realizou simulações computacionais do uso de armas nucleares para desviar a trajetória de um asteroide. E ficou satisfeita porque os seus cálculos batem com as observações da equipe do laboratório Sandia, em Albuquerque, nos EUA.

As suas simulações mostram que este tipo de missão “seria um meio muito eficaz de defender o planeta Terra de um impacto”. Desde que “haja tempo suficiente após a missão para que o impulso produzido pelo asteroide desvie sua trajetória para evitar a Terra”, disse ele.

O Globo

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