Yasmin da Silva Cândido
Yasmin da Silva Cândido, de 22 anos, que luta contra a acalasia, com a avó — Foto: Yasmin da Silva Cândido/Arquivo Pessoal

Há quatro anos, a moradora de Viçosa, na Zona da Mata mineira, Yasmin da Silva Cândido, de 22 anos, luta contra a acalasia, também conhecida como megaesôfago. Essa doença rara dificulta a passagem de alimentos e líquidos do esôfago para o estômago e, por isso, ela está desnutrida, pesando 27 kg.

A incidência global da acalasia é estimada entre 1 e 2 casos a cada 100 mil pessoas, segundo um estudo publicado no Journal of Gastroenterology and Hepatology.

Yasmin Cândido tem sintomas agravados

Os sintomas de Yasmin estão se agravando cada vez mais devido à dificuldade de se alimentar, já que utiliza uma sonda. Para tentar controlar a doença, agendou uma cirurgia menos invasiva no esôfago com um especialista no Recife, no estado de Pernambuco, para o próximo sábado (7). Agora, luta contra o tempo para arrecadar o valor do procedimento particular, que custa cerca de R$ 20 mil.

Mãe de três crianças, de 4 e 1 ano, além de uma bebê de 10 meses, diagnosticaram a jovem com a doença em 2020. “Estava engasgando enquanto dormia, então fiz uma endoscopia e o médico disse que poderia ser uma doença chamada acalasia. Ele pediu outro exame, que tive que fazer em Belo Horizonte, pois na minha região não havia, e o resultado confirmou”, contou.

Segundo a gastroenterologista do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF/Ebserh), Lívia Pamplona de Oliveira, os sintomas mais comuns são:

  1. disfagia – dificuldade para ingerir alimentos sólidos e líquidos;
  2. pirose – azia;
  3. regurgitação;
  4. dor torácica;
  5. perda de peso.
Yasmin da Silva Cândido
Yasmin da Silva Cândido e os filhos — Foto: Yasmin da Silva Cândido/Arquivo Pessoal

Tratamento

Por quatro anos, ela fez o tratamento de dilatação pneumática, mas, neste ano, parou de ter resultados.

🔎 Esse procedimento consiste na inserção de um tubo com um balão não inflado na garganta, que é inflado quando atinge o músculo e rompe as fibras musculares, reduzindo a pressão e a obstrução do esôfago.

Contudo, em maio, o intestino de Yasmin parou de funcionar, e foi necessário realizar uma cirurgia às pressas, retirando metade do órgão e iniciando o uso de bolsa de colostomia. Desde esse período até hoje, a jovem perdeu 16 kg e está pesando 27 kg, pois não consegue se alimentar adequadamente.

“Essa doença mudou totalmente minha vida e, depois da retirada do meu intestino, tudo piorou. Estou desnutrida, pesando poucos quilos, acamada, e tenho que andar e sair de casa de cadeira de rodas. Dependo de remédio para dormir, pois tenho crise de ansiedade. Cuidar dos meus filhos se tornou difícil”.

Yasmin também descobriu que a acalasia foi causada por infecção pelo protozoário Trypanosoma cruzi, causador da Doença de Chagas, que pode ser transmitida pela picada de insetos, como os barbeiros. “O médico disse que provavelmente devo ter contraído quando criança e só agora os sintomas apareceram. Eu ia muito a cachoeiras quando era pequena e provavelmente fui picada lá”.

A médica Lívia Pamplona ainda destaca que existem casos chamados de acalasia idiopática. “Nestes, a causa da degeneração dos neurônios do esôfago é ainda desconhecida, mas acredita-se que resulte de fatores autoimunes e genéticos”, complementou.

Yasmin da Silva Cândido
Antes de descobrir a doença, Yasmin era saudável, mas agora convive com a desnutrição severa — Foto: Yasmin da Silva Cândido/Arquivo Pessoal

Necessidade de cirurgia

O tratamento para a acalasia não é curativo, mas pode melhorar os sintomas e a qualidade de vida dos pacientes, além de evitar as complicações da doença.

A cirurgia menos invasiva que Yasmin vai realizar é feita exclusivamente em centros especializados no país. Por isso, ela buscou um especialista de João Pessoa, na Paraíba, que realiza o procedimento em grupos na cidade do Recife. Chamam a operação de ‘Poem’.

Antes de encontrar o especialista, Yasmin tentou realizar a cirurgia mais comum, chamada de ‘Heller’, oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, não foi aceita como candidata devido aos riscos relacionados ao peso nutricional.

Como realizam o procedimento?

A cirurgia para acalasia é um procedimento que corta as fibras musculares do esfíncter esofágico inferior, facilitando a passagem de alimentos do esôfago para o estômago. O procedimento mais comum é a miotomia laparoscópica à Heller, que envolve pequenas incisões no esôfago e no estômago.

Já a miotomia endoscópica peroral (Poem) é feita por meio de uma endoscopia digestiva alta, que cria um túnel na parede do esôfago até o músculo, que é cortado com um bisturi especial.

De acordo com a médica Lívia Pamplona, essa técnica é menos invasiva e pode proporcionar uma melhora na ingestão dos alimentos e na qualidade de vida, além da recuperação do peso, quando necessária, e de um menor tempo de internação hospitalar.

“Vou voltar a me alimentar e recuperar meu peso para ter minha vida normal”, complementou Yasmin, esperançosa com a cirurgia.

G1

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