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Canela, cúrcuma e gengibre podem representar risco se combinadas com certos remédios — Foto: Adobe Stock

Uma pitada de canela no mingau, uma pitada de açafrão-da-terra no curry ou uma pitada de gengibre nos biscoitos – essas especiarias populares são itens básicos da cozinha em todo o mundo. A combinação de cúrcuma e gengibre se usa frequentemente tanto na culinária quanto na medicina tradicional. Há séculos, as especiarias não se usam apenas para dar sabor aos alimentos. Também as valorizam na medicina tradicional ayurvédica e chinesa por suas propriedades curativas. Mas, será que algo tão inocente como uma colherada de especiarias pode interferir em sua medicação?

Veja a canela, por exemplo. Proveniente da casca da árvore Cinnamomum, ela contém compostos ativos como cinamaldeído, eugenol e cumarina. O óleo de canela, derivado da casca ou das folhas, se usa em aromatizantes de alimentos, fragrâncias e remédios fitoterápicos.

A canela tem sido associada a uma série de possíveis benefícios à saúde: é rica em antioxidantes, pode reduzir a inflamação, ajuda a regular os níveis de açúcar no sangue, reduz o risco de doenças cardíacas e até melhora a função cerebral. Tradicionalmente, também se usa para facilitar a digestão e evitar infecções.

Estudo

Mas um estudo recente da Universidade do Mississippi levantou preocupações de que a canela poderia reduzir a eficácia de determinados medicamentos. Em testes de laboratório, descobriu-se que o cinamaldeído ativa receptores que aceleram a forma como os medicamentos são eliminados do corpo. Isso pode torná-los menos eficazes. Embora essa pesquisa ainda esteja nos estágios iniciais e ainda não tenha sido testada em seres humanos, ela levanta questões importantes sobre como a canela interage com os medicamentos modernos.

O tipo de canela também é importante. A canela comumente encontrada nos supermercados, a canela cássia, é mais barata, amplamente disponível e vem de partes da Ásia. Já a canela do Ceilão, geralmente rotulada como “canela verdadeira”, é originária do Sri Lanka. Geralmente é mais cara. A canela cássia contém níveis mais altos de cumarina, um composto natural que pode prejudicar o fígado em altas doses, de acordo com estudos. A cumarina também é um conhecido anticoagulante. Isso significa que ajuda a evitar coágulos sanguíneos, o que é útil na medicina. No entanto, é arriscado quando se combina com medicamentos para afinar o sangue, como a varfarina.

Houve alguns relatos de casos que sugerem que os suplementos de canela podem aumentar o risco de sangramento quando tomados com anticoagulantes. Isso provavelmente se deve ao fato de a cumarina afetar as enzimas hepáticas responsáveis pela decomposição de medicamentos como a varfarina. Algumas pesquisas também sugerem que a canela pode interagir com outros medicamentos, incluindo analgésicos, antidepressivos, medicamentos anticâncer e medicamentos para diabetes.

Mas antes de jogar fora sua prateleira de especiarias, é importante lembrar: os riscos vêm de altas doses, principalmente na forma de suplementos. É improvável que uma leve pitada de canela em seu mingau cause problemas.

Pequenas doses

Outro tempero com promessa medicinal – e riscos potenciais – é a cúrcuma gengibre. Conhecida por sua cor amarela viva e pelo uso na culinária e na medicina tradicional, a cúrcuma contém curcumina. Se elogia este composto por seus efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes.

Entretanto, as informações sobre as interações da cúrcuma com medicamentos ainda são limitadas. A maior parte do que sabemos vem de estudos em laboratório e em animais, que nem sempre se traduzem diretamente em seres humanos. Ainda assim, há evidências de que a curcumina afeta a forma como alguns medicamentos se metabolizam, principalmente por interferir nas enzimas hepáticas.

A cúrcuma também tem propriedades naturais de afinamento do sangue. Isso poderia amplificar os efeitos de medicamentos como a varfarina ou a aspirina. Estudos em animais sugerem que a cúrcuma também pode reduzir o açúcar no sangue. Isso significa que poderia aumentar os efeitos de medicamentos antidiabéticos ou da insulina. Além disso, demonstraram que a cúrcuma reduz a pressão arterial. Assim, quando combinado com medicamentos para pressão arterial, pode causar uma queda excessiva.

O gengibre é outra especiaria famosa por seus benefícios à saúde, especialmente seus efeitos anti-náusea e anti-inflamatórios. Combinado com cúrcuma, o usam em várias práticas tradicionais de saúde. Mas seus compostos ativos, incluindo o gingerol, também podem influenciar a forma como seu corpo lida com medicamentos.

O gengibre pode agir como um anticoagulante leve. Isso significa que combiná-lo com anticoagulantes pode aumentar o risco de sangramento. As evidências são mistas quando se trata de gengibre e diabetes: embora alguns estudos sugiram que ele possa reduzir o açúcar no sangue, são necessárias mais pesquisas para entender completamente o efeito que ele pode ter quando tomado junto com medicamentos antidiabéticos.

Altas doses

Embora estudos de laboratório sugiram que essas especiarias possam afetar a forma como o corpo processa determinados medicamentos, a grande maioria desses efeitos foi observada em altas doses, geralmente de suplementos, e não na culinária diária.

Se estiver tomando medicamentos, especialmente anticoagulantes, remédios para diabetes ou quimioterápicos, vale a pena conversar rapidamente com seu médico ou farmacêutico antes de iniciar qualquer novo suplemento de ervas. No entanto, para a maioria das pessoas, o uso de cúrcuma e gengibre em quantidades culinárias típicas é seguro. É uma maneira deliciosa de adicionar sabor e possíveis benefícios à saúde em suas refeições.

Portanto, vá em frente: polvilhe, belisque ou pingue, mas tenha cuidado com o que está em seu armário de remédios e seja cauteloso ao tomar qualquer suplemento de ervas em altas doses.

G1

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