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Escorpião Brotheas amazonicus, que tem um veneno com potencial para matar células cancerígenas. — Foto: Pedro Ferreira Bisneto/iNaturalist

Em ataques de animais peçonhentos, como cobras e escorpiões, o veneno muitas vezes também é o responsável por ajudar na cura. Isso ocorre já que a partir da toxina se produz o soro específico.

Mas no caso do escorpião Brotheas amazonicus, o potencial do veneno vai muito além. A toxina pode dar origem a um medicamento para tratar o câncer de mama.

Pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo identificaram no veneno do animal uma molécula. Esta molécula possui uma ação comparável à de um quimioterápico muito usado no tratamento da doença.

“A molécula isolada da peçonha do escorpião, BamazScplp1, e o Paclitaxel, quimioterápico amplamente utilizado na terapia de câncer de mama, mostraram ações equivalentes na morte de células tumorais de mama”, detalha Eliane Candiani Arantes, professora da faculdade e coordenadora do projeto.

🦂O Brotheas amazonicus é um escorpião endêmico da região amazônica. Essa se considera uma das maiores espécies de escorpião da Amazônia, podendo ter até 7 cm de comprimento. Apesar de grande, seu veneno tem baixa letalidade em mamíferos, incluindo humanos.

Até o momento, realizaram os testes somente em laboratório, com células de câncer de mama cultivadas em placas, ou seja, em um ambiente controlado.

Mas, segundo os pesquisadores, os resultados se mostraram muito positivos, inclusive em tipos de câncer de mama extremamente agressivos.

“Uma das possíveis vantagens é que a toxina vem de uma fonte natural e pode ter uma ação diferente ou complementar à dos medicamentos que já existem”, analisa Mouzarllem Barros Reis, pós-doutorando da faculdade e um dos autores do estudo.

Alternativa para tratamentos quimioterápicos

Com a descoberta, surge uma nova perspectiva para auxiliar no tratamento quimioterápico.

Um porém é que, assim como acontece na quimioterapia, as células saudáveis também se afetaram. Isso também é comum em fases iniciais de pesquisas com substâncias anticâncer.

“Se for possível modificar a toxina para torná-la mais específica e menos tóxica às células saudáveis, ela pode se transformar numa alternativa ou adjuvante ao que já é usado na quimioterapia”, afirma a pesquisadora Karla Bordon, que também participou do projeto.

Apesar de ser um desafio, já há tecnologia disponível para realizar esse direcionamento da substância apenas para as células tumorais. Uma das possibilidades seria unir a toxina a anticorpos ou nanopartículas que reconheçam o tumor.

Próximas etapas

Ainda que os resultados em laboratório sejam promissores, ainda não houve testes em animais. Portanto, deve demorar para que chegue a fase de testes em humanos.

De acordo com a pesquisadora, o tempo médio entre os estudos com células em ambientes controlados e o início dos experimentos em voluntários pode chegar a 10 anos.

O intervalo pode variar bastante, dependendo do tipo de composto, dos resultados obtidos, da área terapêutica e dos recursos disponíveis.

“Antes disso [teste em humanos], é preciso passar por várias etapas: testes em animais, estudos de segurança e eficácia, e só então pensar em testes clínicos com seres humanos”, detalha Eliane.

O grupo de estudo está pronto para dar sequência às próximas etapas do estudo, que são fundamentais para transformar a descoberta em um possível tratamento.

👉Conforme a coordenadora, devem seguir os seguintes passos:

Os pesquisadores querem entender em detalhes o mecanismo de ação da BamazScplp1, o que deve ajudar a aprimorar sua eficácia e prever possíveis efeitos adversos.

O objetivo é fazer com que a toxina atinja apenas as células tumorais, preservando as células saudáveis, o que aumentaria a segurança do futuro tratamento.

Essa etapa permite avaliar como a toxina se comporta em um organismo completo, observando tanto a eficácia quanto possíveis efeitos colaterais.

Devem ser utilizadas técnicas de expressão heteróloga (introdução de um gene que codifica uma proteína de interesse de uma espécie na célula de outra espécie) para produzir a toxina em laboratório. Isso será feito de forma mais eficiente e em maior quantidade.

A análise estrutural detalhada vai permitir a otimização da molécula para torná-la ainda mais eficaz e estável.

Quando a toxina estiver pronta para ser testada em humanos, o estudo deve contar com apoio de uma farmacêutica. Este apoio é importante para avançar para a fase clínica, seguindo todos os critérios regulatórios e de segurança.

G1

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