Uma nova era para o planejamento familiar está se aproximando. Pela primeira vez, uma pílula anticoncepcional masculina que age sem a interferência hormonal está sendo rigorosamente testada em ensaios clínicos. Sendo assim, os promissores resultados iniciais, obtidos em estudos com camundongos e primatas não humanos, indicam que o composto denominado YCT-529 demonstrou uma notável capacidade de limitar a produção de espermatozoides com efeitos colaterais aparentemente brandos.
Nos experimentos conduzidos em camundongos machos, o anticoncepcional começou então a exercer seu efeito contraceptivo em um período de um mês após o início da administração. O comprimido conseguiu reduzir as taxas de gestação em suas parceiras fêmeas em quase 100%. Em relação aos macacos machos, foi necessária uma dosagem superior do medicamento. Observou-se uma rápida e significativa diminuição na contagem de espermatozoides, sem que fossem detectados efeitos colaterais relevantes.
“Uma pílula masculina segura e eficaz oferecerá mais opções aos casais para o controle de natalidade. Ela permitirá uma divisão mais justa da responsabilidade pelo planejamento familiar e dará autonomia reprodutiva aos homens”, disse a química Gunda Georg, da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, ao ScienceAlert.
Alternativas
A busca por alternativas não hormonais surge como resposta aos desafios enfrentados pelas tentativas anteriores de anticoncepcionais masculinos hormonais. Assim como ocorre com as pílulas femininas que modulam os hormônios sexuais, as versões masculinas com essa abordagem podem desencadear efeitos secundários indesejados. Estes efeitos incluem alterações de peso, quadros depressivos ou elevação dos níveis de colesterol “ruim”. Em estudos precedentes, o surgimento desses eventos inesperados frequentemente levou à interrupção de testes clínicos de métodos que se mostravam eficazes.
O estudo mostrou ainda que os animais testados recuperaram sua fertilidade logo após interromper o uso do medicamento. A droga também não causou alterações significativas em três hormônios importantes para a produção de esperma: testosterona, FSH e inibina B.
