Na última sexta-feira, 27 de junho de 2025, autoridades da Indonésia divulgaram os resultados da autópsia do corpo de Juliana Marins, a turista brasileira que caiu no Monte Rinjani, enquanto realizava uma desafiadora trilha na ilha de Lombok. A perícia estima que ela faleceu na quarta-feira, dia 25, entre 1h e 13h no horário local, vítima das complicações de seu trauma contundente.
“Encontramos arranhões e escoriações, bem como fraturas no tórax, ombro, coluna e coxa. Essas fraturas ósseas causaram danos a órgãos internos e sangramento. A principal causa de morte foram os ferimentos na caixa torácica e nas costas”, afirmou o especialista forense Ida Bagus Alit à imprensa. A informação foi publicada pela BBC News.

Vale destacar que, antes de resgatarem seu corpo, Juliana deslizou centenas de metros. O Jornal Nacional indica que, no total, a jovem de 26 anos caiu 600 metros para dentro do vulcão enquanto esperava pela ajuda. Logo depois do acidente, estima-se que ela se encontrava a “apenas” 300 metros do caminho seguro.
Quais traumas o corpo humano sofre em uma queda?
Trauma é uma palavra que pode fazer referência a acontecimentos tanto psicológicos como físicos. Enquanto o primeiro envolve eventos inesperados e dolorosos nas emoções, o segundo está associado a casos que provocam lesões físicas por uma ação externa.
Batidas e quedas do corpo geram deformidades e lesões. Em alguns casos, esses ferimentos podem ser visíveis a olho nu, como hematomas e cortes, mas, quando se trata de machucados em órgãos internos, é possível que eles permaneçam invisíveis para os leigos.
Foi justamente esse o quadro de Juliana. O trauma contundente, como se chama, caracteriza-se por uma ocorrência emergencial na qual não há perfuração da pele, e os sangramentos e as inflamações são apenas internos. No seu caso, o problema estava concentrado no tórax e nas costas.
Quando ocorre a distribuição da energia de colisão no corpo pela queda, a gravidade das lesões não depende apenas da altura que o indivíduo caiu. Na verdade, diversos fatores podem influenciar no problema, como a posição de aterrissagem do corpo, a natureza da superfície de impacto, os objetos encontrados no caminho da queda, a idade de pessoa, o seu estilo de vida e as roupas utilizadas no momento.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Ensino Profissionalizante (INBRAEP), as múltiplas lesões por quedas mais comuns são:
- Na cabeça, podendo ocorrer fratura craniana deprimida, hemorragia intracraniana (consistindo em sangramento dentro do cérebro), entre outras;
- No tórax, por exemplo, pode-se encontrar contusão pulmonar e vários outros ferimentos;
- Na coluna espinhal, os corpos vertebrais podem ser fraturados;
- e no abdômen, que normalmente leva a lesões nos intestinos.
As lesões produzidas por quedas podem ter padrões diferentes, destaca o site Abc Med. No tórax, por exemplo, é comum que ocorra contusão pulmonar, ruptura dos brônquios ou da aorta e fratura do esterno resultante da hiperflexão do queixo. Já na coluna espinhal, as vértebras podem ser fraturadas, causando dor para se movimentar e incômodo extremo.
Em um cenário de pronto-atendimento hospitalar regular, episódios como o de Juliana seriam tratados com máxima urgência. Os médicos, por meio de avaliações clínicas e exames, determinariam com rapidez alterações no seu nível de consciência, na frequência respiratória e até na pressão arterial para iniciar os reparos dos tecidos machucados e evitar complicações a longo prazo ou até letais.
Chances de sobrevivência
Em uma queda, a maneira como você pousa é crucial para sua probabilidade de sobreviver. É o que conta Anette Hosoi , professora de engenharia mecânica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, ao site Live Science. “Tudo depende da velocidade com que você vai e da rapidez com que para”, ela afirma. Por exemplo: ao cair de uma ladeira, gradualmente toda a energia da queda é queimada enquanto o corpo desliza, o que é melhor do que parar abruptamente.
A parte do corpo em que você pousa também é muito importante. “A pior maneira de cair é de cabeça”, diz Demetrios Demetriades, professor de cirurgia na Faculdade de Medicina Kerk da Universidade do Sul da Califórnia. “Provavelmente, se você cair de pé, terá mais chances de sobreviver, mas, repito, é uma questão multifatorial.”
Conforme o especialista, se alguém cai de mais de 18 metros, normalmente morre. “No geral, dizemos que se alguém cair de 15 metros, o que equivale a cerca de quatro andares, 50% das pessoas morrerão”, ele afirma. Já as chances de sobreviver a uma queda de mais de 24 metros são mínimas: seria como um milagre escapar com vida.