Nesta quarta-feira, 25 de junho, o dólar opera em alta enquanto o mercado financeiro analisa os novos dados da prévia da inflação brasileira para junho. Com uma alta de 0,39% nos preços, o aumento ficou abaixo das expectativas, mas a elevação nos preços de alimentos e no núcleo de serviços causa preocupação. Paralelamente, repercutem então declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticando a política de juros do Banco Central do Brasil (BC).

Alta do Dólar e Índices de Mercado

Às 13h16, o dólar apresentava uma alta de 1,05%, sendo cotado a R$ 5,5109. No dia anterior, a moeda norte-americana havia subido 1,16%, cotada a R$ 5,4534. Com esses resultados, o dólar acumulou um ganho de 0,23% na semana, 3,89% no mês e 12,38% no ano.

No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, registrava então uma queda de 0,10%, aos 122.206 pontos. Na véspera, o índice fechou com uma redução de 0,25%, aos 122.331 pontos. Até o momento, o Ibovespa acumulou uma alta de 0,82% na semana, 0,19% no mês e uma perda de 8,83% no ano.

Impacto dos Dados de Inflação

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial, registrou então uma alta de 0,39% em junho. Esse valor ficou abaixo das expectativas do mercado, que esperava uma elevação de 0,45%. A alta foi impulsionada principalmente pelo grupo de Alimentação e Bebidas, que subiu 0,98%, impactando o índice em 0,21 pontos percentuais (p.p.).

Leonardo Costa, economista do ASA, destacou que a elevação dos preços de itens in natura e leite foi influenciada pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Em 12 meses, o IPCA-15 acumulou uma alta de 4,06% até junho, acima dos 3,70% registrados nos 12 meses anteriores. Maykon Douglas, economista da Highpar, alertou para a aceleração dos preços de serviços subjacentes, que superaram as expectativas, exigindo atenção na condução da política monetária.

Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, comentou então que a inflação de 2023 está prevista para quase 4%, e que o Banco Central enfrentará desafios para controlá-la, considerando a economia aquecida e o câmbio desvalorizado. Segundo Gala, um câmbio de R$ 5,50 é mais inflacionário do que R$ 5,00.

Críticas do Presidente Lula

Durante a manhã, o presidente Lula voltou a criticar a condução dos juros pelo Banco Central em uma entrevista ao portal “Uol”. Lula mencionou Gabriel Galípolo, diretor do BC e um dos mais cotados para suceder Roberto Campos Neto na presidência da instituição, afirmando que ele é altamente preparado para o cargo, mas que ainda não está pensando na questão do Banco Central.

Lula argumentou que o mercado deve então se adaptar às decisões que protejam os interesses do Brasil. Sobre as contas públicas, Lula disse que o governo está analisando onde pode cortar gastos de forma eficaz e equilibrada. Ele garantiu que não tomará medidas que afetem o salário mínimo e os benefícios sociais, como a correção desses valores pela inflação do período.

Decisões do Comitê de Política Monetária e Cenário Internacional

Na terça-feira, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) indicou uma postura cautelosa em relação à taxa Selic, atualmente em 10,50% ao ano. A decisão de manter a taxa foi tomada em meio às incertezas sobre a inflação e a economia global. O Copom afirmou que ajustes futuros na taxa de juros dependerão da firmeza no compromisso de convergência da inflação à meta.

Lula criticou novamente a taxa de juros, sugerindo que empresários do setor produtivo deveriam se manifestar contra a taxa elevada. Ele questionou a necessidade de manter a taxa de 10,50% quando a inflação está em 4%.

No cenário internacional, declarações de Michelle Bowman, diretora do Federal Reserve (Fed), reiteraram que os juros americanos devem então permanecer altos por mais tempo. Juros mais altos nos EUA tornam os mercados emergentes menos atrativos, levando investidores a buscar economias desenvolvidas, o que resulta na desvalorização do real.

Bowman mencionou que a inflação nos EUA continua elevada e que conflitos regionais podem pressionar os preços da energia e dos alimentos. Os investidores aguardam a divulgação do índice PCE de maio, o indicador de inflação preferido do Fed, na sexta-feira, para confirmar as posições do mercado.

Em suma, a alta do dólar e as flutuações no Ibovespa refletem as preocupações com a inflação, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, e as críticas políticas em relação à política monetária, criando um ambiente de incerteza nos mercados.

Blog do Halder

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