Imagem de arquivo mostra o escritor pernambucano Fernando Monteiro — Foto: Reprodução/TV Globo

Morreu no Recife, aos 75 anos, o escritor, poeta, cineasta e crítico literário pernambucano Fernando Monteiro. Ele era casado e tinha duas filhas e um neto. A causa da morte, confirmada na quarta-feira, 12 de fevereiro, não foi divulgada.

O velório está marcado para as 14h30 e o enterro acontece às 17h desta quinta, 13 de fevereiro, no Cemitério de Santo Amaro, no Centro da capital pernambucana.

Fernando Monteiro nasceu no Recife em 20 de maio de 1949 e iniciou a carreira literária na década de 1970, com o livro de poemas “Memória do mar sublevado”. A partir de então, publicou diversas obras, incluindo seis romances. O último deles foi “O livro de Corintha”, lançado em 2013, que foi o vencedor do Grande Recife no 1º Prêmio Pernambuco de Literatura.

“No finalzinho dos anos 1990, ele começou a ser visto como o que era: um dos grandes autores brasileiros contemporâneos de romance. E a literatura dele estava sempre muito em sintonia com o que estava sendo feito na época, no resto do mundo. Era muito forte, era uma literatura que falava muito da literatura como um local de perigo”, disse o editor e curador da Bienal do Livro de Pernambuco, Schneider Carpeggiani.

Uma das obras mais conhecidas de Fernando Monteiro é o romance “Aspades, ETs etc”, de 1997, no qual ele celebra os 100 anos do cinema a partir da visão de um cineasta português.

Outro livro notório do escritor é “O Grau Graumann”, publicado em 2002, que conta a história de um autor brasileiro desconhecido e que, subitamente, ganha o primeiro Nobel de Literatura concedido a um escritor do país.

“Ele denunciava muito, na obra dele, de forma irônica, muitas vezes, as armadilhas do universo literário […]. Era era uma pessoa maravilhosa, um dos maiores interlocutores que já tive e muito generoso também”, declarou Schneider Carpeggiani.

Literatura e cinema

Além da obra literária, Fernando Monteiro se notabilizou no cinema, como diretor de documentários e curtas-metragens. Ele dirigiu, ao menos, 15 produções. Alguns desses filmes representaram o Brasil em festivais internacionais em países como México, Alemanha e Polônia, segundo a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).

Em entrevista à TV Globo, exibida em 26 de outubro de 2007, Fernando Monteiro disse que a literatura e o cinema “estão no mesmo patamar de possibilidade de explicação do mistério humano”, o que, para ele, é a finalidade da arte (veja vídeo acima).

“O cinema exerceu uma influência enorme na minha escrita. Já houve um pronunciamento crítico que se referiu ao meu texto como se ele tivesse dezenas de câmeras, o ponto de vista de inúmeras câmeras […] A minha literatura, se ela existe, é um estranho no ninho”, definiu o escritor na ocasião.

Ainda de acordo com a Cepe, outro trabalho importante dele foi a peça teatral “O rei póstumo”, com a qual ele venceu o Prêmio Othon Bezerra de Melo, concedido pela Academia Pernambucana de Letras (APL), em 1975.

G1 PE

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