Guilherme entrou de penetra em confraternização de empresa no Rio – Foto: Reprodução

As festas de fim de ano das empresas estão chegando, trazendo momentos aguardados de celebração e descontração entre os profissionais. Mas, apesar de serem eventos de trabalho, para algumas pessoas essas confraternizações podem tomar rumos inesperados.

Em 2021, a primeira festa da firma pós-pandemia foi um marco para muitos profissionais, que, após meses em isolamento, puderam finalmente reviver a experiência de uma comemoração com os colegas de trabalho. Para um profissional ouvido pelo Terra, que preferiu não se identificar, a noite, no entanto, acabou tendo um final diferente do que ele esperava.

A oportunidade de se socializar após tanto tempo em casa, como ele mesmo descreve, foi transformada em uma aventura um tanto quanto tumultuada. “Sempre fui uma pessoa que gostava de beber, mas, durante a pandemia, isso mudou. Fiquei em casa, sem sair, e acabei não bebendo. Essa festa foi a minha primeira grande socialização depois desse tempo todo”, conta.

A festa, que acontecia em um ambiente com open bar, parecia o cenário perfeito para relembrar os velhos tempos. Mas o álcool fez com que ele exagerasse na dose. “Foi basicamente a primeira festa grande, com bebida à vontade, que eu fui depois da pandemia. E acabei bebendo muito mais do que deveria”, lembra ele.

Após a festa terminar, o chefe convidou todos para irem a um bar em frente, o que resultou em vários shots de tequila com os colegas. “Eu dizia: ‘Não precisa pagar, o chefe já pagou, pega aí’. E aí acabava me envolvendo mais ainda”, disse.

Sem lembranças

O que começou como uma celebração descontraída terminou em um incidente que ele não consegue lembrar. “Fiquei com sono, apaguei, apaguei de vez. Não tenho memória desse momento”, revela.

O problema surgiu quando os colegas de trabalho pensaram em levá-lo para uma casa próxima para descansar. No entanto, sua situação ficou ainda mais complicada. “Eu sou grande, não é fácil me mover, principalmente quando estou apagado de sono e bebida”, conta.

A solução encontrada pelos colegas foi outra: uma ambulância que estava na festa foi chamada. “Eles queriam que me levassem pro hospital, mas eu estava só dormindo. Acabei caindo de uma mureta e bati a cabeça, então a ambulância realmente me levou”, explica.

Após ser levado para o hospital, o profissional acordou no dia seguinte sem entender muito bem o que havia acontecido. “Acordei no hospital, sem saber onde estava. Meu marido estava lá me abraçando”, relata. O episódio se tornou uma história recorrente entre os colegas de trabalho. “Algumas pessoas ainda lembram. E sempre que chega a época de festas de fim de ano, eles dizem: ‘Cuidado, o fulano vai parar na ambulância de novo'”, compartilha rindo.

Apesar de tudo, ele reflete sobre a experiência como um aprendizado importante sobre os limites do consumo após tanto tempo sem socializar. “Foi um reaprendizado de socialização pós-pandemia. Eu sempre bebi muito, mas depois de tanto tempo sem beber, eu não sabia mais como lidar com a quantidade”, admite. Hoje, ele se sente mais cauteloso. “Claro que agora fico mais cuidadoso com o que bebo, mas já passei dessa fase. O corpo já se acostumou de novo com os eventos sociais”, conclui.

Penetra também é bem-vindo

Relato de Guilherme viralizou nas redes sociais na época, e internautas se divertiram com a situação – Foto: Reprodução

No mesmo ano, Guilherme Pauferro, que na época tinha 25 anos, também viveu uma experiência completamente inusitada durante uma festa de fim de ano de uma empresa no Rio de Janeiro. Sem convite, ele acabou entrando como “penetra” e se tornou amigo dos profissionais da organização.

Atualmente, com 27 anos, ele relata que a festa aconteceu em um local elegante, repleto de luzes e uma atmosfera cheia de pessoas chiques. Como era morador recente do Rio de Janeiro e ainda não estava familiarizado com o ambiente, se sentiu atraído pela movimentação ao redor. “Eu vi um monte de luzes, gente passando, muito chique. Fiquei curioso, porque não sabia o que estava acontecendo. Achei que fosse alguma festa de celebridade”, contou.

O que ele não sabia era que essa curiosidade o levaria a uma história que ele jamais esqueceria. Ao se aproximar da entrada do evento, um segurança o abordou. “Ele me perguntou se eu tinha ingresso, e eu disse que não. Então, ele me perguntou se eu trabalhava e, quando respondi que sim, ele me indicou uma porta para entrar”, disse Guilherme.

Dentro da festa, ele foi rapidamente acolhido por uma mulher que, ao vê-lo chegar, começou a apresentá-lo aos outros convidados, fazendo com que ele se sentisse parte do grupo. “Eles falavam: ‘Você é muito legal, muito divertido, dança muito!’ Isso me deu mais ânimo para continuar”, contou, lembrando que a animação na festa estava contagiante, principalmente por ser a primeira grande confraternização pós-pandemia.

Clima descontraído

No clima descontraído e cheio de risos, Guilherme dançou, interagiu com todos e até beijou o intérprete de uma das músicas. “Eu fui até o chão com a Anitta, beijei o intérprete da festa”, disse, rindo da situação. “No final da festa, eu falei para o pessoal: ‘Desculpa, eu não trabalho aqui, estava só passando. Me desculpem por ser um penetra'”, disse Guilherme. Apesar de sua confissão, ele não se deparou com nenhuma hostilidade. Pelo contrário, os ‘novos colegas’ riram da situação eternizaram o momento com uma foto.

O que começou como uma simples curiosidade sobre um evento que ele nem imaginava ser uma festa corporativa se transformou em um momento de conexões inesperadas. “Eu sempre fui muito comunicativo, gosto de fazer amizades, e isso facilitou muito”, contou. Embora tenha saído da festa como um “intruso”, ele conseguiu manter contato com algumas pessoas e até hoje conversa com elas.

O post que ele fez em suas redes sociais sobre a festa, algo simples e sem grandes expectativas, acabou viralizando e atraindo uma atenção inesperada. A postagem foi compartilhada por uma página que fala de forma descontraída sobre o dia a dia do trabalhador no Instagram e recebeu mais de 60,8 mil curtidas, divertindo internautas. “Eu contratava”, brincou um. “Soft skills do penetra: proatividade, comunicação, trabalho em equipe, empatia e criatividade! Um gênio”, comentou outro. 

“Eu nem achava que ia viralizar, meu Instagram tinha menos de 2 mil seguidores”, afirmou. A repercussão trouxe novas oportunidades profissionais para ele, especialmente no setor de eventos. “Foi uma oportunidade inesperada de abrir portas profissionalmente na área de eventos, com o que eu trabalhava”. 

Mas como devo agir nas festas da firma?

Especialistas em Recursos Humanos ouvidas pelo Terra destacam que é crucial manter certas atitudes para garantir que a experiência seja positiva e profissional na confraternização da firma. 

“São momentos que comumente acompanhados de  bebidas alcoólicas, comidas, muitos brindes corporativos e, normalmente, realizados fora da empresa. Apesar do ambiente que costuma ser descontraído e casual, é importante não esquecer que ali estão os seus colegas de trabalho, liderados e lideranças. Existe dia seguinte após a festa da empresa, e tudo que você fizer nela será lembrado”, destacou Priscila Nunes, fundadora da Black HR Brasil, empresa que atua na área de Recursos Humanos. 

Priscila ressalta que a festa do final do ano é planejada ao longo do ano e, embora a presença seja opcional, é de bom tom participar. Ela também destaca a importância de agir diante de comportamentos inadequados: “Se sentir que o comportamento de alguém cruzou a linha do respeito, acione os canais de denúncia da organização ou procure seu líder ou profissional de RH no dia seguinte”. 

A especialista em gestão de pessoas e negócios e fundadora da Diversidade Importa, Daniele Malafronte, também destaca a importância do networking nas festas de fim de ano. “As festas são um momento único, onde você encontrará as pessoas mais despojadas das obrigações e tensões do dia a dia. Aproveite para se aproximar de pessoas que você não tem muita oportunidade na correria do trabalho.”

Veja abaixo 6 dicas das profissionais para não cometer gafes:

Tenha equilíbrio e evite excessos: Seja na  bebida, comida, danças ou brincadeiras, é necessário evitar excessos. O equilíbrio e o bom senso são essenciais para evitar ser o destaque indesejado no dia seguinte, já que, apesar do clima festivo, é uma ocasião profissional;

Cuidado com solicitações profissionais: evite discutir pendências de trabalho, pedir aumento ou promoção durante a festa. A ocasião é para celebração, não para tratar de assuntos profissionais, principalmente os mais delicados;

Atenção para atitudes inadequadas: comportamentos inadequados podem ter consequências sérias, inclusive demissão. Evite paquerar colegas, fazer comentários inapropriados ou resolver questões profissionais de forma inadequada;

O dress code é importante: respeite o código de vestimenta da festa. Se não houver uma regra específica, escolha um traje adequado ao ambiente profissional, ao local, horário e tipo de atividade, mesmo em clima festivo. As roupas comunicam, pense na mensagem que deseja transmitir;

Evite comentários negativos: mantenha a leveza nas conversas, evitando falar mal da empresa, das pessoas ou fazer comparações negativas. Evite fofocas; 

Interaja com os colegas: lembre-se do propósito da festa, que é integração, descontração e celebração das conquistas. Mantenha um comportamento alinhado a esse propósito, interagindo de forma descontraída.

Terra

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