O furacão Milton, que se aproxima dos Estados Unidos, foi classificado na noite de terça-feira (8/10) como de categoria 5 — a mais grave.
Nessa categoria, os ventos ultrapassam os 252 km/h e há um risco elevado de danos a construções e bloqueios em rodovias.
A previsão é que o furacão chegue à costa oeste da Flórida na noite de quarta-feira (09) ou na manhã de quinta-feira (10/10), no horário local, segundo o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC).
Ainda na terça-feira, o presidente americano Joe Biden disse que o furacão pode ser o pior dos últimos cem anos nos Estados Unidos.
O presidente pediu que moradores da Flórida que vivem na rota traçada como a mais provável da tempestade deixem suas casas imediatamente.
“É uma questão de vida ou morte”, disse o presidente americano.
O Brasil precisa se preocupar?
Mas por que, diferentemente dos EUA e de outros países periodicamente atingidos por fenômenos climáticos similares, o Brasil não precisa se preocupar tanto com isso?
Conforme meteorologistas ouvidos pela BBC News Brasil, as chances de que furacões aconteçam por aqui são mínimas — a explicação é que a formação de um fenômeno desses depende de uma série de fatores que só foi registrada uma vez no país.
“Por enquanto, é quase impossível que um furacão atinja o Brasil, a não ser que as mudanças climáticas também tenham alguma influência”, diz Michael Pantera, meteorologista do Centro de Gerenciamento de Emergência de São Paulo.
A meteorologista Bianca Lobo, do Climatempo, explicou que um dos principais “combustíveis” para a formação de um furacão são as águas quentes do mar — que precisam estar acima de 27°C.
“No Brasil, nós não temos isso. As maiores temperaturas se registram no mar do Nordeste, onde não passam de 26°C”, diz.
“A umidade e a água quente do oceano que dão força a um furacão. Quando ele chega ao solo, perde força”, acrescenta Pantera.
Furacão e os fatores necessários para a formação
Outro fator necessário para a formação de um furacão é o cisalhamento ou tesoura de vento — como são chamadas as mudanças de velocidade ou direção das correntes.
Os especialistas explicam que esse fenômeno é raro nos países localizados na linha do Equador, como o Brasil.
Meteorologistas afirmam que esse é um fator que também inviabiliza que uma tempestade formada no Caribe atinja o Brasil, já que ela perderia completamente a força ao se aproximar da linha do Equador.
A definição de tufão e furacão é a mesma. A única diferença entre eles é o ponto de formação.
Dessa forma, eles são um conjunto de tempestades com centenas de quilômetros de diâmetro: surgem nos oceanos sobre as águas quentes e podem durar alguns dias.
Conforme meteorologistas, os dois ciclones tropicais se formam em oceanos.
O que os diferencia é que os tufões se formam no oeste do oceano Pacífico, e os furacões, no oceano Atlântico e na região leste do Pacífico.
Já os tornados são núcleos de tempestades, muitas vezes formados a partir de furacões ou tufões.
Dessa forma, como sua formação só depende de uma tempestade muito forte, eles geralmente são pequenos quando comparados a furacões e duram por volta de uma hora.
Caso raro em 2004
Historicamente, só um furacão teve registro no Brasil. Chamado de Catarina, ele atingiu o litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina em março de 2004.
Na época, pelo menos 40 cidades foram atingidas. Conforme o Centro de Estudos em Engenharia e Defesa Civil da Universidade Federal de Santa Catarina, os ventos atingiram a região a uma velocidade de cerca de 180 km/h.
Quatro pessoas morreram, 518 ficaram feridas e cerca de 33 mil, desabrigadas.
Mas os meteorologistas classificam o caso como raríssimo.
“Foi uma condição totalmente atípica. É muito difícil de acontecer, ao contrário dos tornados, que inclusive se filmam com frequência no Brasil”, diz Bianca Lobo.
Segundo Pantera, ainda há divergências se o Catarina foi de fato um furacão.
“Ele era uma frente fria que, em determinado momento, se deslocou e fez um caminho contrário, na direção do oceano. Ainda há muitas discussões se o Catarina era de fato um furacão.”
Dessa forma, mesmo com uma intensidade menor, a recomendação para quem avistar um tornado ou tromba d’água é fugir.
Sendo assim, se o fluxo de vento atingir uma pessoa, dificilmente ela consegue escapar.
A maior probabilidade é que ela seja sacudida e arremessada onde estiver, inclusive de embarcações.
Correio Braziliense