J. Borges, xilogravurista, poeta e cordelista pernambucano, morreu na manhã desta sexta-feira, 26 de julho, aos 88 anos, em Bezerros, no Agreste de Pernambuco, onde ele nasceu e viveu toda sua vida. Pablo, filho do artista confirmou a informação ao G1.

Segundo familiares, o pernambucano foi internado há duas semanas por problemas no pulmão e coração, mas recebeu alta e morreu em casa, por volta das 6h.

velório do artista começou por volta das 13h no Centro de Artesanato, que fica localizado no município de Bezerros. O enterro será às 15h deste sábado, 27 de julho, no Cemitério Parques dos Eucaliptos, no bairro Santo Amaro, também na cidade.

Conhecido como mestre da arte popular brasileira, ele só frequentou a escola por um ano. Aprendeu a ler, escrever e fazer contas. Na juventude, foi carpinteiro e pedreiro, até descobrir a literatura de cordel. Há 60 anos, virou escritor.

A imagem da igrejinha foi a primeira xilogravura produzida por J. Borges – um dos grandes mestres dessa arte -, primeiro esculpida em madeira e depois impressa no papel.

“Eu, quando inicio um cordel para escrever ou uma gravura para fazer, eu penso logo se vai tocar no sentimento do povo”, contou o artista em entrevista ao Jornal Nacional.

Sua arte está reunida em uma exposição gratuita no Museu do Pontal, no Rio de Janeiro, até 25 de março de 2025. “É uma das pessoas que ajudou a moldar uma ideia visual sobre o Nordeste e sobre a xilogravura brasileira”, afirma Lucas Vandebeuque, curador da exposição.

Além disso, tem obras expostas no Museu do Louvre, na França, e já expôs em países como Estados Unidos, Alemanha, Suíça, Itália, Venezuela e Cuba.

Reconhecimento e admiração

Ao longo de sua trajetória, J. Borges ganhou vários prêmios, como a comenda da Ordem do Mérito Cultural, o prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na categoria Ação Educativa/Cultural e o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco.

O encontro com o escritor Ariano Suassuna, no início da década de 1970, foi por fim um marco na história de J. Borges. Encantado então pela criatividade das gravuras, Ariano ajudou a levar a obra do amigo para o mundo. José Saramago era outro fã. O livro “O Lagarto”, do escritor português, ganhou assim ilustrações do artista pernambucano.

Ilustrou também a capa de livros de Eduardo Galeano, inspirou documentários e o desfile da escola de samba Acadêmicos da Rocinha, em 2018.

Sobre J. Borges

José Francisco Borges, conhecido como J. Borges, tinha 88 anos e era pintor, cordelista, poeta, xilogravurista. Natural de Bezerros, no Agreste de Pernambuco, ele recebeu o título de Patrimônio Vivo Imaterial de Pernambuco e foi agraciado com a Ordem do Mérito Cultural do Brasil em 1999. Já ilustrou obras de escritores como José Saramago e Eduardo Galeano.

J. Borges começou a trabalhar aos 10 anos, na cidade em que nasceu, onde vive e trabalhava. Depois de publicar um cordel em 1964, o artista começou a se dedicar à xilogravura para ilustrar seus versos. Desde então, ele não parou de criar matrizes entalhadas.

Os títulos dos cordéis são o principal mote para o xilogravurista criar os desenhos, sem esboço ou rascunho. As imagens são talhadas diretamente na madeira e ilustram de maneira original a cultura do povo nordestino.

Uma parte importante do imaginário nordestino sempre esteve presente na obra de J. Borges. Ele só frequentou a escola por um ano. Aprendeu a ler, escrever e fazer contas. Na juventude, foi carpinteiro e pedreiro, até descobrir a literatura de cordel. Há 60 anos, o leitor apaixonado virou escritor.

G1 PE

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