Trump anunciou tarifaço: todas as exportações brasileiras destinadas aos Estados Unidos serão taxadas em 10% — Foto: Reuters via BBC

O acordo costurado entre o governo brasileiro e os Estados Unidos para garantir uma taxação mais baixa, na nova rodada de tarifas anunciada nesta quarta pelo presidente Donald Trump, teve como ponto de partida o etanol.

Do lado brasileiro, participaram da negociação representantes do Itamaraty e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. O Brasil já sabia que os produtores americanos de etanol tinham grande influência sobre a Casa Branca. O setor tem peso político decisivo até nas eleições.

Por isso, o governo Lula temia que o Brasil pudesse aparecer na ponta oposta da tabela, entre os países alvos de uma taxação mais agressiva.

Negociadores brasileiros reforçaram, junto aos americanos, que o etanol brasileiro já tinha sido tarifado em fevereiro, numa medida classificada por Trump como de “reciprocidade”.

Na quarta, o blog antecipou a reunião entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, com o representante comercial dos EUA, Jameson Greer.

Outros fatores

Outro argumento apresentado aos Estados Unidos foi o de que o açúcar, por exemplo, tem tarifa extremamente vantajosa para os americanos. No entanto, a tarifa é extremamente penosa para o Brasil.

Mais: o Brasil tem comércio deficitário com os EUA. Nos últimos 15 anos, o superávit dos americanos na relação com o Brasil somou US$ 410 bilhões.

O Brasil ter ficado entre os menos taxados é um resultado dessa negociação. Mas também da linha mestra de Trump: ele não faz amigos, faz negócios.

Por isso, o Brasil foi taxado em 10%, e o aliadíssimo de Trump , Javier Milei, presidente da Argentina, recebeu o mesmo tratamento. É sobre dinheiro, pragmatismo e relações comerciais.

E, em se tratando de Trump, tudo vem sempre embalado em discurso populista, com anúncios em tom de ameaça e deixando então o mundo em suspenso. O clima é de que tudo pode acontecer. Na hora de decidir o tarifaço, no entanto, o que pesou foi a negociação. E o impacto financeiro.

G1

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