Um funcionário de uma barraca de praia encontrou uma onça-parda dentro do estabelecimento ao chegar para abrir o local na manhã da segunda-feira, 7 de julho de 2025. O incidente ocorreu no município de Camocim, a cerca de 360 quilômetros de Fortaleza. O animal foi recolhido por autoridades municipais e entregue, no período da tarde, ao Batalhão de Polícia do Meio Ambiente (BPMA).
O animal é da espécie Puma concolor, conhecida como onça-parda. O funcionário a encontrou dentro de um compartimento da barraca usado para guardar bebidas. Depois, o proprietário da barraca acionou a Defesa Civil de Camocim, que foi ao local com a Autarquia de Meio Ambiente (AMA).
A barraca onde a onça estava fica localizada na Praia da Tatajuba, em uma área de dunas e com diversas lagoas próprias para o banho. Conforme os agentes, o animal é uma fêmea jovem, estava aparentemente sadia e não manifestou hostilidade.
O secretário da AMA de Camocim, Roberto Caracas, disse que o animal não atacou ninguém. Ele explicou que ele estava acuado diante da presença de tantas pessoas. Ele disse que é a primeira vez que o aparecimento de uma onça-parda é registrado no município. Embora já tenha havido relatos de avistamento. “[Os funcionários] Tomaram um susto quando viram o animal lá dentro”, afirmou.
Onça contida
Os agentes municipais conteram a onça e a colocaram dentro de uma gaiola fornecida pela Secretaria Estadual de Proteção Animal (Sepa). Nesse meio tempo, já durante a tarde, com a chamada do BPMA, decidiram que o animal se deslocaria para Fortaleza para a realização de exames.
Conforme a equipe de resgate, a onça apresentava um comportamento dócil, o que levantou suspeitas sobre a possibilidade dela estar sendo mantida ilegalmente em cativeiro. Por isso, somente após os exames será determinado se o animal será imediatamente reintegrado à natureza. Ou se vai passar por um processo de readaptação.
O biólogo Hugo Fernandes, professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), explica que a onça pode-se encontrar esparsamente em todo o território cearense. Sobretudo no sertão e nas serras. Já houve registros dela no litoral, inclusive em Jijoca de Jericoacoara, próximo a Camocim.
“Ela não é um animal que oferece risco à vida humana, no sentido de atacar gratuitamente um ser humano para predá-lo. O ser humano não faz parte da dieta desse animal, não há registros de acidentes nesse sentido”, explica Hugo Fernandes. “Agora, claro, é um animal silvestre e um animal que não tolera grandes aproximações, portanto é sempre importante manter uma distância segura”.
No Brasil, a espécie está avaliada na categoria “vulnerável” na escala de risco de extinção. Isto é, está ameaçada, mas não em situação crítica. No Ceará, porém, o cenário é mais grave. As onças-pardas estão sendo classificadas como “em perigo”. A estimativa do Laboratório de Vertebrados Terrestres da UECE é que existam menos de 400 onças no Ceará.
“Trata-se de um animal que sofre com as pressões humanas. Embora esteja amplamente distribuído [pelo território do Ceará], há poucos indivíduos dentro desta área de distribuição”, aponta Hugo Fernandes.
