Após a leitura da sentença que condenou Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz pelo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, parentes das vítimas se abraçaram e se emocionaram com o resultado do julgamento. Imediatamente depois, já sinalizaram que vão seguir lutando, desta vez pela condenação de mandantes dos crimes.
Acusados de serem mandantes, os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão; e de ser o mentor do crime, o delegado Rivaldo Barbosa, serão julgados no Supremo Tribunal Federal.
Pai de Marielle, Antônio da Silva Neto afirmou ainda no Tribunal de Justiça do Rio que a luta da família “não acaba aqui”.
“Não acaba aqui porque tem mandantes. E agora a pergunta que nós vamos fazer é: ‘Quando serão condenados os mandantes?’ Porque aquele choro que eles exibem nas suas oitivas, pra mim, não é um choro sincero. O choro sincero foi o nosso, porque nós perdemos a nossa filha, a Agatha perdeu o Anderson e a Mônica perdeu a Marielle”, emendou.
Viúva de Anderson Gomes, Ágatha Arnaus lembrou que as pessoas que respondem no STF são ex-parlamentares e ex-chefe de polícia.
“Quem tem que perdoar é Deus ou quem acredite. Eu não perdoo, nunca. Eu tenho paz na minha vida, mas eu não preciso perdoar. Que eles eram assassinos, a gente já sabia. Agora a gente também tem ex-parlamentares e ex-chefe de polícia que tem que ser responsabilizados também”.
A ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle Franco, Anielle Franco, comentou, logo após a condenação, que seguirá buscando Justiça e que espera a condenação dos mandantes
“A gente sabia que tinha que lutar e batalhar por Justiça e hoje a gente sai daqui com esse sentimento. A gente sabe que não acaba aqui, ainda tem uma parte, saber quem pensou, quem mandou, quem pagou por esse crime”, disse.
Luyara Franco, filha de Marielle, afirmou que apesar desta quinta-feira (1) ter sido “um dia difícil” para a família, todos vão seguir lutando.
“A nossa coragem trouxe a gente até aqui. É um dia muito difícil. Eu tenho certeza que nenhum de nós queríamos estar aqui. A Agatha queria o Anderson aqui, eu queria minha mãe aqui. Mas com certeza o dia de hoje entra para a história e para a democracia desse pais. A gente tem muitos passos pela frente ainda nesse caso como um todo, mas hoje com certeza é o primeiro passo por eles e a gente vai seguir lutando”.
Exatos 6 anos, 7 meses e 17 dias após o crime, o 4º Tribunal do Júri do Rio condenou nesta quarta-feira (30) os assassinos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O crime chocou o país e – até hoje – gera repercussão em todo o mundo.
O ex-policial militar Ronnie Lessa, o autor dos disparos naquela noite de 14 de março de 2018, recebeu a pena de 78 anos e 9 meses de prisão.
O também ex-PM Élcio Queiroz, que dirigiu o Cobalt usado no atentado, foi condenado a 59 anos e 8 meses de prisão.
Como firmaram acordos de delação premiada, no entanto, os tempos de execução de pena serão reduzidos.
O Ministério Público, que queria 84 anos de prisão para os dois, afirmou que vai recorrer.