Tomás Felipe Bandeira da Rocha, de 10 anos, morreu após levar um choque elétrico em praça na Zona Oeste do Recife — Foto: Acervo pessoal

Um menino de 10 anos morreu após ser atingido por uma descarga elétrica enquanto brincava de esconde-esconde com um amigo numa unidade da Academia Recife, localizada numa praça no bairro de Engenho do Meio, na Zona Oeste da cidade. De acordo com testemunhas, a criança tinha se escondido num armário quando levou o choque.

O caso aconteceu na noite de quarta-feira, 2 de outubro, por volta das 21h45, na academia instalada no Parque Doutor Arnaldo Assunção. A vítima foi identificada como Thomas Felipe Bandeira da Rocha. À TV Globo, o segurança Inaldo Moura, que mora nas proximidades, contou que estava caminhando na praça no momento do acidente.

Em vídeo gravado no local, ele mostra um fio desencapado no armário onde o menino levou o choque.

Procurada, a Secretaria de Esportes do Recife disse que notificou a empresa responsável pela gestão das Academias Recife, o Instituto de Gestão de Esporte e Cultura (IGEC), e abriu um processo administrativo para apurar o acidente (veja resposta abaixo). O g1 procurou a empresa, mas, até a última atualização desta reportagem, não obteve retorno.

Segundo Inaldo, as duas crianças estavam brincando de pique-esconde quando o menino resolveu se esconder num armário da academia, onde são guardados os pesos de musculação. Nesse momento, de acordo com a testemunha, Tomás ficou preso no equipamento. O amigo do menino gritou por socorro.

“Já vi ele gritando: ‘Ele levou um choque, levou um choque’, mas não dava para ver a criança. […] Eu vi quando uma senhora pulou, ela estava puxando o braço dele e eu pensei: ‘Pronto, ele está eletrocutado’ quando eu vi, ele estava entre a lona e o ferro desmaiado”, disse Inaldo.

Ainda segundo a testemunha, eles pegaram um pedaço de madeira para tentar afastar o fio da criança e, então, conseguiram removê-lo. “Coloquei ele no chão, tentei reanimar e ele chegou a dar aquele suspiro”, contou.

Ele disse ainda que que também procurou as autoridades para pedir socorro, mas que, ao ligar para a Polícia Militar (PM) para isolar a área, ele foi informado que a ocorrência “não era com eles”.

Segundo a Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a criança foi socorrida por moradores e levada por um comerciante da área para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) dos Torrões, na mesma região. De acordo com o Samu, ao chegar na unidade, a morte foi confirmada.

O primo de Thomas, Anderson Oliveira, disse à TV Globo que os pais do menino ficaram desesperados e aguardavam com angústia alguma notícia da criança na UPA até que foram informados pelos médicos que Tomás não tinha resistido.

“A gente espera por Justiça, a gente perdeu um ente querido e alguém vai ter que se responsabilizar, porque esse armário aí não era para estar energizado de maneira nenhuma”, disse.

A Neoenergia Pernambuco informou que a estrutura foi instalada e operada pela gestão municipal, mas que enviou equipe ao local para desligar do fornecimento de energia na Academia Recife da praça.

A Polícia Civil afirmou que registrou o caso como “morte a esclarecer” e que as investigações seguem até esclarecer o ocorrido.

O g1 procurou a PM para saber por que as equipes não foram ao local isolar a área. A PM respondeu apenas que foi acionada por meio do 12º Batalhão e que “a ocorrência foi compartilhada com outras forças de segurança pública para adoção das medidas cabíveis e necessárias”.

O que diz a prefeitura

Procurada, a Secretaria de Esportes do Recife enviou uma nota informando que:

Assim que tomou conhecimento do ocorrido, procurou os familiares do menino para apoio “com assistentes sociais e outros serviços”;

As Academias Recife são geridas pelo Instituto de Gestão do Esporte e Cultura (Igec), entidade contratada por meio de processo de licitação;

A empresa é responsável pelo gestão de 28 espaços dedicados à prática de atividade física;

As academias recebem manutenção “periodicamente”;

A unidade do Engenho do Meio atende, atualmente, cerca de 2 mil pessoas.

O g1 também entrou em contato com o Igec e fez os seguintes questionamentos, aos quais aguarda respostas:

Por que havia um fio energizado no armário para guardar pesos num horário em que a unidade não estava funcionando?

O uso de fios energizados é um procedimento comum nas Academias Recife?

Com que frequência é feita a manutenção dos equipamentos?

Há quanto tempo havia esse fio desencapado no local?

G1 PE

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