
As definições genéricas, e não seria de se esperar diferente: não existe um critério universal para definir se uma criança é superdotada. Conforme a Enciclopédia Britannica, a maioria dos países estabelece como critério o nível 130 de QI para que alguém possa se considerar superdotado. Em geral, é assim que a avaliação se faz: por meio de testes de QI. Estes testes são usualmente administrados para desempenhar — em níveis maiores em comparação a outros da mesma idade, com a mesma experiência e no mesmo ambiente”.
As definições que você leu acima são genéricas, e não seria de se esperar diferente: não existe um critério universal para definir se uma criança é superdotada.
No Brasil, os psicólogos habilitados podem usar testes como o WISC (Wechsler Intelligence Scale for Children – Fifth Edition), o Teste de Desempenho Escolar (TDE) bem como o Testes das Matrizes Progressivas de Raven, entre outros. Se a criança tiver uma performance excepcional, o profissional emitirá um laudo psicológico ou um relatório psicopedagógico. Este documento oficial identificará a criança como superdotada.
Porém, esses testes não são infalíveis ou com resultados definitivos. Conforme Lurian Dionizio Mendonça, mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem, “não existe nenhum teste que possua todas as qualidades desejáveis”.
“Apenas o teste de QI é muito perigoso, porque os testes de QI são baseados em conhecimentos científicos/escolares e nem todas as crianças e adolescentes têm igual acesso a esses conhecimentos. Existem listas de indicadores de comportamento superdotado, desenvolvidas por pesquisadores da área. Essas listas podem se utilizar por professores e/ou psicopedagogos. As listas permitem observar características que “destacam” esses indivíduos quando comparados aos seus pares”, afirma Fernanda Serpa, vice-coordenadora do Programa De Apoio a Alunos com Comportamento Superdotado (PRAACS!), da Universidade Federal Fluminense.
Proposito do teste
Além disso, o teste não é uma medalha: sua principal utilidade é identificar se a criança precisa de adequações especiais na sua educação. Isso costuma ser o caso para pessoas superdotadas. No Brasil, a Política Nacional de Educação Especial prevê atendimento educacional especializado para alunos com altas habilidades/superdotação, e os procedimentos estão definidos no Parecer CNE/CEB nº 17/2001.
Uma distinção importante que precisa ser feita é que superdotados não são gênios — inclusive, é por isso que alguns profissionais preferem usar o termo “altas habilidades”. Essas crianças têm um processamento cerebral diferente, e por isso, as atividades comuns oferecidas nas escolas podem não ser interessantes para elas. Essas atividades geralmente não representam um desafio. É possível até que essa falta de interesse se confunda com Transtorno de Déficit de Atenção ou Hiperatividade.
Conforme dados da OMS, 5% da população mundial é superdotada. No Brasil, segundo o Censo Escolar de 2020, pouco mais de 24 mil estudantes, cerca de 1% do total, se identificam como pessoas com altas habilidades ou com superdotação.
As características que permitem identificar uma criança super-dotada envolvem comportamentos como os listados abaixo:
- Precisa de estímulo mental constante
- Consegue aprender rapidamente
- Curiosidade insaciável: faz perguntas sem parar
- Muita sensibilidade e profundidade emocional, mesmo com pouca idade
- Faz tudo mais cedo que as outras
- Grande senso de justiça social e conhecimento sobre problemas globais
- Aprendizado precoce: conseguem absorver conteúdo de séries mais avançadas