No início da noite da quarta-feira, 6 de agosto, dois aviões quase colidiram no solo durante taxiamento no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. O incidente ocorreu quando se preparavam para decolar.
Às 19h32, os pilotos da Air France informaram que estavam se aproximando do ponto de espera da pista 10L pela taxiway G (Golf), prontos para a decolagem. Foram instruídos pelo controlador de tráfego aérea a manterem posição, pois seriam o número 2 a decolar.
Às 19h33, após receberem autorização para alinhar e manter na pista 10L, os pilotos da Air France começarem o taxiamento para a pista. Entretanto, um dos pilotos da Azul disse “Air France, stop!”. Em seguida, o controlador de tráfego aéreo também instruiu que os pilotos da Air France mantivessem a posição.
Não, como resposta
Depois, o controlador perguntou aos pilotos da Azul se seria possível o Air France passar com segurança pela frente do Embraer 195-E2. A resposta foi que não, pois a asa do Airbus A350-900 estava em cima da cabine.
Após mais algumas instruções aos demais aviões que pousavam e decolavam, um dos pilotos da Air France perguntou se haveria algum atraso em sua partida. O controlador explicou que o avião deles estava muito perto do outro.
Acionaram a equipe de serviços de solo do Aeroporto de Guarulhos para se deslocar com uma viatura até o local e verificar a situação
Enquanto isso, o controlador disse aos pilotos da Azul que os pilotos da Air France não sabiam da sequência das aeronaves. Isso fez com que não dessem passagem para o avião da Azul.
Às 19h38, o controlador informou aos pilotos que a viatura estava se aproximando para verificar a situação. Um minuto depois, um dos pilotos da Azul sugeriu que o pessoal de serviço se aproximasse mais do avião, pois na posição em que estavam não conseguiriam observar a cabine e a asa esquerda do Embraer 195-E2.
10 minutos depois
Às 19h42, o controlador informou que definiram que seria necessário enviar um trator de reboque para empurrar o avião da Azul para trás. O piloto da Azul então questionou o que o controle de tráfego aéreo instruiria aos pilotos da Air France diante “dessa loucura toda”.
O controlador respondeu que o A350 manteria a posição enquanto o E2 recuaria. Então, o piloto da Azul disse que iria entrar em contato com sua empresa.
Às 19h44, o piloto da Air France solicitou informações sobre a outra aeronave envolvida na quase colisão. Ele avisou que só tinha mais 10 minutos disponíveis para decolar, ou teria que retornar ao pátio para reabastecer. Diante da resposta do controlador de que demoraria mais de 10 minutos, o piloto disse que desligaria um motor para economizar combustível.
Às 19h46, o piloto da Azul solicitou o que poderia ser feito para guardar a gravação das comunicações do momento da ocorrência. O controlador informou que os procedimentos nesse sentido já haviam iniciado.
Às 19h50, o trator de reboque chegou, e o piloto da Azul sugeriu que o motor 2 (direito) do avião da Air France se cortasse para maior segurança do pessoal de solo. O controlador então instruiu que os pilotos do A350 desligassem o motor.
Às 19h58, o controlador informou aos pilotos da Air France que o outro avião já tinha se afastado. Eles informaram que precisariam de 4 minutos para o religamento dos motores.
O Airbus A350 decolou às 20h10. Enquanto isso, os pilotos do Embraer 195-E2, após contato com a Azul, informaram que optariam por ser rebocados até o pátio. Com isso, a decolagem ocorreu quase 1 hora depois, às 20h48.
Taxiamento
Os pilotos da Air France receberam autorização para taxiar até o ponto de espera para a pista 10L, utilizando as taxiways B (Bravo) e G (Golf). Enquanto isso, instruíram os pilotos da Azul a taxiar pela taxiway A (Alpha). Eles deveriam parar antes da taxiway G.
Para um melhor entendimento, na imagem a seguir, que mostra a carta do Aeroporto de Guarulhos, o círculo amarelo mostra o local onde houve a ocorrência.
Também conforme as comunicações, minutos antes da quase colisão, o piloto da Azul avisou a controladora de tráfego aéreo da frequência do Solo Guarulhos sobre a posição da asa do avião da Air France. Esta estava muito próxima do Embraer 195-E2.
Porém, como os pilotos da Air France já estavam em contato com o controlador da frequência da Torre, a autorização de ingresso na pista foi dada pelo controlador da Torre. O piloto da Azul, que ainda estava em contato na frequência do Solo, mudou para a frequência da Torre e deu o aviso de parada para os pilotos da Air France. Dessa forma, evitando a colisão.