
Amigos e familiares de Preta Gil recorreram a um procedimento que usa o carbono presente nas cinzas para criar diamantes de laboratório, um processo que combina alta tecnologia, pressão extrema e um toque de simbolismo afetivo.
Em um laboratório, técnicos explicam que tudo começa separando o carbono ainda existente nas cinzas de outros componentes.
“Usamos o carbono, depois, aplicamos nanotecnologia para remontar esse carbono até que ele se transforme em diamante”, diz Marcio Miyazaki, empresário e um dos sócios da Stargen Diamonds, empresa responsável por realizar o processo.
Dessa forma, foi desse processo que nasceram 12 diamantes feitos a partir das cinzas da artista. “É algo a mais, algo para olhar e lembrar da pessoa querida”, continua.
Como é o processo?
“A transformação laboratorial para ter um diamante é a simulação do que acontece no ambiente natural, só que com uma velocidade de tempo infinitamente maior”, relata a empresária Mylena Cooper, CEO da The Diamond, empresa responsável pelo diamante da família Gil.
“É um diamante igual ao que a natureza produz. Genuíno, com as mesmas propriedades químicas e físicas”, adiciona.
No laboratório paranaense, o procedimento começa com sucessivas queimas para retirar enxofre, potássio e demais compostos, deixando apenas o carbono puro. Esse material vira um pó, que é submetido a alta temperatura e pressão para se transformar em grafite. Em seguida, o grafite é compactado em uma pastilha, mais fácil de manusear.
A pastilha é colocada dentro de uma cápsula metálica e então é lacrada com várias chapas que garantem pressão e condução elétrica. O conjunto é aquecido a até 3.000 °C e levado a uma prensa capaz de simular condições da crosta terrestre.
A pressão chega a equivaler ao peso do Monte Everest concentrado na ponta de uma agulha.
Sob essas condições extremas, os átomos de carbono se reorganizam e o que levaria milhões de anos na natureza acontece em cerca de 60 horas: nasce assim o diamante bruto. Depois, ele passa por lapidação e polimento até ganhar brilho e forma.
Os valores variam conforme o tamanho da pedra. Nessa empresa, o preço inicial para produzir um diamante de laboratório é de R$ 3.800.
Entenda a história
Preta Gil, que morreu julho após complicações de um câncer no intestino, havia revelado a seus amigos o desejo de transformar suas cinzas em diamantes. E atenderam sua vontade, conforme mostrou uma reportagem do Fantástico.
A cantora tinha esse interesse desde que soube da possibilidade de produzir pedras preciosas em laboratório. Ao ver a chance de se tornar um diamante, Preta achou a ideia “magnífica”.
Assim sendo, enviaram parte das cinzas da cantora a um laboratório em São Paulo com a missão de produzir diamantes para seus amigos.
O processo utiliza o carbono presente nas cinzas, que é então trabalhado com nanotecnologia para se transformar em diamante.
Um diamante se compõe por um único elemento químico: o carbono. No laboratório, o carbono extraído se transforma em grafite e, em seguida, se envia à Índia, onde o processo de produção acaba. Dessa forma, com as cinzas recebidas, criaram 12 diamantes para os amigos.
Enquanto isso, outra parte das cinzas se destinou a um laboratório em Curitiba, responsável por criar um diamante para a família Gil. Neste caso, a produção da pedra se realizou integralmente no Brasil, do começo ao fim.
O diamante de 0,3 quilate da família Gil está pronto para ser entregue. Os diamantes destinados aos amigos de Preta também estão sendo enviados a eles.
Anos atrás, Duh Marinho, Gominho, duas amigas e Preta tatuaram um diamante no dedo, um símbolo de amizade que, agora, se torna “muito mais”.
O diamante recebe um número de certificação marcado a laser, visível com uma lupa de 40 vezes, e, além disso, inclui o nome da pessoa homenageada. Assim, quando um feixe de luz encontra o diamante, ele se multiplica, o que serve como uma lembrança de que a luz da pessoa “continua se multiplicando infinitamente”.
“É igual diamante. Não quebra. A Preta é isso… Ninguém destrói, ninguém quebra. E ela era essa pessoa”, concluiu Gominho