
A jornalista Wanda Chase morreu na madrugada de quinta-feira, 3 de abril. Ela passou por uma cirurgia de aneurisma dissecante da aorta, no Hospital Teresa de Lisieux, em Salvador.
De acordo com o médico cardiologista e ecocardiografista Paulo Roberto Souza, o aneurisma acontece quando há uma dilatação anormal de algum vaso arterial. Quando a camada da aorta se rompe, ocorre o aneurisma.
A aorta é a maior artéria do corpo humano, responsável por transportar sangue rico em oxigênio do coração para todo o corpo. O rompimento da aorta é a consequência mais grave do aneurisma.
Conforme explicou o médico, o diagnóstico da doença pode ser dado, por exemplo, através de um ecocardiograma, durante um check-up. No entanto, os casos mais comuns são de pacientes que sentem fortes dores no abdômen ou na região do tórax. Esses pacientes precisam dar entrada imediatamente em unidades de saúde.
“Para poder entender melhor, é como se nossos vasos sanguíneos tivessem camadas. Quando há a dissecção, cada uma começa a se soltar uma da outra. É uma emergência médica das mais fatais, não só da cardiologia, como de toda a medicina. A dissecção da aorta do tórax é um tipo mais grave”, destacou o médico.
Cirurgia
Segundo o cardiologista, quando o paciente é diagnosticado, deve realizar procedimento cirúrgico com urgência.
A cirurgia endovascular, que é um procedimento menos invasivo, é feita na sala de hemodinâmica. Quando o cirurgião, através de um acesso, geralmente pela parte femoral [segunda maior artéria do organismo, fica na região da coxa], coloca uma prótese na aorta, para reestabelecer o funcionamento do fluxo sanguíneo.
O especialista aponta que pessoas que possuem hipertensão, tabagistas, com alteração na válvula aórtica ou doenças genéticas fazem parte do grupo de risco para desenvolvimento do aneurisma de aorta.
“Se o paciente tem alguma doença ou faz o check-up regularmente, muitas vezes o médico consegue detectar uma dilatação da aorta de forma precoce. Ele pode realizar uma cirurgia eletiva antes que venha a ter a dissecção da aorta”, destacou o cardiologista.
Saiba quem era Wanda Chase
Wanda Chase se mudou para a Bahia em 1991 e trabalhou por 27 anos na TV Bahia, onde se consolidou como comunicadora e ativista do movimento negro.
Ela também trabalhou em veículos de comunicação como Rede Manchete, bem como TV Cabo Branco e Rede Globo Nordeste. Além disso, ela também foi assessora de imprensa da banda Olodum. Por meio de nota, o grupo lamentou a morte da jornalista.
“A família Olodum lamenta profundamente a passagem de Wanda Chase, jornalista, mulher negra, militante do movimento negro e conselheira do Olodum. Nossos sentimentos à familiares e amigos nesse momento de pesar. 🖤”.
O bloco afro Ilê Aiyê também emitiu uma nota de pesar. Eles destacaram o trabalho de Wanda Chase na valorização da cultura bem como na identidade negra do Brasil.
Após a aposentadoria, Wanda Chase se tornou colunista do portal iBahia bem como participou de um projeto de podcast. Ainda mais, neste ano, ela trabalhou na cobertura do carnaval para um veículo de comunicação.
Destaques
Com 45 prêmios acumulados ao longo de mais de três décadas de atuação, a jornalista também é reconhecida por ter dado visibilidade à cultura baiana. Principalmente às manifestações ligadas à cultura negra.
Em 2002, recebeu o Título de Cidadã Soteropolitana concedido pela Câmara Municipal de Salvador. Em março deste ano, receberia ainda o Título de Cidadã Baiana, pela Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). No entanto, a cerimônia foi adiada por causa dos problemas de saúde da jornalista.
A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) emitiu nota de pesar. Destacaram a importância de Wanda Chase para a cultura no estado.
“Além de sua atuação como repórter, editora, colunista e apresentadora, Wanda Chase foi uma referência para a cultura baiana. Foi também uma militante incansável do movimento negro, lutando por mais visibilidade e inclusão para as comunidades afro-indígenas. Sua voz potente e sua coragem em abordar temas como racismo e desigualdade social a tornaram uma referência para as novas gerações de jornalistas e ativistas”, diz um trecho da nota.
O presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues, lamentou a morte de Wanda Chase.
“Hoje, se despediu de nós, Wanda Chase, uma mulher negra, jornalista, militante do movimento negro, uma companheira incrível dessa jornada das nossas vidas, no Pelourinho, Olodum, blocos afros, na comunidade negra e comunicação. Ela vai deixar muitas saudades”, disse João Jorge.
Morte de Wanda Chase
Conforme a família, Wanda anunciou que estava com problemas de saúde há um mês, após uma virose. Depois de procurar ajuda médica, a jornalista foi diagnosticada com uma infecção urinária e, em seguida, uma infecção intestinal.
Wanda Chase deu entrada no hospital na quarta-feira, logo após, teve o diagnóstico de aneurisma dissecante da aorta, passou por uma cirurgia e não resistiu.
A jornalista entrou em cirurgia por volta das 17h. A morte dela foi comunicada para os familiares quase 6 horas depois.
O velório dela acontecerá então no Cemitério Campo Santo, na sexta-feira, 4 de abril, das 13h às 16h. Depois disso, apenas a família se reunirá para uma cerimônia de cremação.