Manchete do jornal A União após vitória do Botafogo-PB sobre o Flamengo em 1980 — Foto: Acervo do Jornal A União

Maracanã, 6 de março de 1980. O Brasil respirava futebol. O Flamengo dava forma ao seu esquadrão lendário, recheado de estrelas, como AdílioAndradeCarpegianiJúniorLeandroZico, sob o comando do técnico Cláudio Coutinho. Do outro lado, um visitante desconhecido: o Botafogo-PB, figurando como mero coadjuvante. Mas naquele dia, a lógica ficou no vestiário. E no maior templo do futebol mundial, o Belo calou mais de 25 mil torcedores, desafiou a ordem natural das coisas e escreveu — com coragem e bola no pé — uma das maiores façanhas da história do futebol paraibano.

Em campo, o time comandado por Caiçara mostrou coragem e bastante personalidade. Jogou com apenas um volante de origem – Nicácio – e quatro homens de frente: EvilásioMagnoSoares Getúlio. Encarou o Flamengo no peito e na bola. O próprio técnico do Alvinegro da Estrela Vermelha já previa: “Perder para o Flamengo é normal. Empatar é vitória. Vencer… é entrar para a história”. E foi o que aconteceu.

O primeiro tempo terminou em 0 a 0. E quando a bola rolou na etapa final, o improvável começou a se desenhar. Aos 4 minutos, Nicácio roubou a bola de Zico e lançou para Evilásio, que achou Soares livre na área. De primeira, o atacante botafoguense mandou no canto esquerdo de Raul: 1 a 0 para o Belo. O Maracanã, repleto de flamenguistas, por um instante ficou mudo.

Mas o mandante da noite carioca não abaixou a cabeça para a equipe nordestina. O Flamengo reagiu. Pressionou, atacou, empatou com Tita aos 19 minutos, após cruzamento de Carlos Henrique. A torcida rubro-negra inflamou, esperando a virada. Mas o aguerrido Botafogo-PB soube sofrer.

Zico comemora gol pelo Flamengo — Foto: Divulgação

Vitória acirrada

E quando a pressão era maior, veio assim o segundo golpe: aos 36, Magno acionou Zé Eduardo fora da área. Com espaço, ele então dominou e bateu rasteiro, no canto direito de Raul. Era o 2 a 1 sobre o Flamengo. Era assim a história sendo escrita. Até Zico, sendo então o maior ídolo da história do Rubro-Negro carioca, admitiria, anos depois: “Jogaram melhor, ganharam, mereceram”.

A atuação do Belo foi tão marcante que Zico, o histórico camisa 10 da Gávea, nunca esqueceu. “Aquela derrota serviu pra gente botar os pés no chão. Depois dali, voltamos a ser Flamengo. E não perdemos para mais ninguém no Maracanã”.

Repercussão de Flamengo 1 x 2 Botafogo-PB no jornal A União — Foto: Acervo do Jornal A União

Hoje, 45 anos depois, o reencontro entre Flamengo Botafogo-PB no Maracanã tem data marcada: 21 de maio de 2025, às 21h30, pela partida de volta da 3ª fase da Copa do Brasil. No jogo de ida, em São Luís, o time carioca venceu por 1 a 0 com gol do garoto Joshua. Assim sendo, agora, o Belo precisa vencer por dois gols para avançar. Uma vitória simples leva a decisão para os pênaltis.

Se a missão é difícil, o passado mostra que não é impossível. Aquele time de 1980 – com HélioGeraíltonDecaMarquinhosNonato AiresNicácioZé EduardoEvilásioMagnoSoares Getúlio – provou que coragem, organização e talento também vencem camisa e fama. A vitória contra o Flamengo, em pleno Maraca, não valeu taça. Mas valeu eternidade.

GE

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