A captura de uma onça-pintada macho no Pantanal de Aquidauana (MS) é uma estratégia para entender o que de fato provocou a morte de Jorge Avalo, de 60 anos. Ele foi encontrado morto na fazenda onde trabalhava, e a suspeita é de que tenha sido atacado pelo animal.

Para entender como será a investigação, o site do g1 entrevistou o biólogo e coordenador da ONG Panthera, especialista em conservação de felinos no Brasil, Fernando Tortato. Nessa reportagem, você vai saber:
- O que fazer logo após a captura do animal?
- E se confirmarem o ataque?
- Como será possível confirmar se a onça capturada foi a responsável pelo ataque?
- O animal pode voltar a atacar seres humanos?
- O que acontece com o animal depois da conclusão do caso?
O que fazer logo após a captura do animal?
O biólogo explicou que, em um primeiro momento, é necessário confirmar, por meio do laudo pericial do corpo de Jorge, se a causa da morte foi realmente o ataque de uma onça.
“A situação é complexa. Ainda não temos nenhuma prova contundente de que a onça atacou Jorge, apesar de haver indícios. Então, vamos aguardar essa perícia técnica e toda a investigação”, destacou.
E se confirmarem o ataque?
Em caso de confirmação, outras questões passam a se levantar, como a condição física do animal. A onça capturada pesa 94 quilos, considerado pouco para a espécie. Segundo as informações, onças-pintadas machos podem chegar a pesar cerca de 150 quilos no Pantanal.
“Existem estudos que comprovam que animais doentes ou com algum ferimento, como um dente quebrado, tendem a se expor mais a riscos e a atacar presas que não fazem parte da dieta natural da espécie, como animais domésticos, por exemplo. Eles passam a ter dificuldade para atacar outros animais selvagens e, por isso, buscam presas mais fáceis”.
Como será possível confirmar se a onça capturada foi a responsável pelo ataque?
Fernando explica que, a partir do momento em que o animal está em cativeiro, é possível analisar sua alimentação nos últimos dias, por meio das fezes. Assim, será possível descobrir se o animal capturado foi o mesmo que atacou Jorge.
“Poderá realizar uma análise de DNA para verificar se há carne humana no conteúdo estomacal”, destaca.
O animal pode voltar a atacar seres humanos?
A partir do momento em que a captura é feita, um risco futuro é eliminado, segundo o especialista. De acordo com Fernando, animais que já atacaram um ser humano podem representar uma possibilidade de novo ataque no futuro. “Então, a captura é uma das opções a serem debatidas para remover esse animal e reduzir o risco de novos acidentes, além de preservar a vida da onça”.
O que acontece com o animal depois da conclusão do caso?
Fernando afirma que a captura foi uma ação imediata. “Esse momento pós-captura gera oportunidades de obter respostas sobre esse caso. É uma situação muito complexa, com várias questões para se responder. E depois, com esse animal em cativeiro, ele pode ter um destino, como, por exemplo, um criadouro conservacionista. É um debate que deverá se realizar com todo corpo técnico envolvido, e é uma decisão que não será tomada de imediato”.

Relembre o caso
A Polícia Militar Ambiental (PMA) confirmou a morte do caseiro na segunda-feira (21) após encontrar pegadas do felino junto a partes do corpo do homem. Na terça-feira 22 de abril, as equipes de buscas localizaram outras partes do corpo, em uma toca do felino dentro de uma mata fechada. O local fica a cerca de 300 metros do local do pesqueiro, no Pantanal de Aquidauana, onde ocorreu o ataque.
Sepultaram o corpo de Jorge após passar por uma série de exames periciais no Núcleo Regional de Medicina Legal de Aquidauana. O laudo pericial deverá ficar pronto em 10 dias, porém no corpo da vítima encontraram sinais que indicam mordidas e unhas de animal.
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