Nova Palmeira, já reconhecida como uma cidade vibrante e animada, tornou-se um ícone no cenário carnavalesco da Paraíba. Com o surgimento do Carnaval Fest Folia em 2004, o evento tornou-se um marco cultural e econômico para o município. No entanto, uma série de mudanças estruturais e culturais levou a uma decadência significativa dessa tradição festiva.
Os tempos áureos
Durante os anos iniciais do Fest Folia, o carnaval de Nova Palmeira era sinônimo de alegria e inclusão. Organizado pela prefeitura e contando com o apoio da comunidade, a festa destacava-se pela organização dos blocos de rua, como os emblemáticos Libertinos e Zoião. Dessa maneira, os blocos eram o coração pulsante do carnaval, reunindo foliões de diferentes classes sociais em uma celebração que transcendia as barreiras sociais.
O “Cirilão”, espaço de concentração principal das festividades noturnas, tornou-se em 2011 palco de uma experiência coletiva marcante, onde músicas tradicionais de carnaval, danças e apresentações culturais atraíam turistas de todo o estado e até mesmo de estados vizinhos como Rio Grande do Norte e Pernambuco. Além da animação, a festa impulsionava a economia local, beneficiando setores como turismo, hotelaria e comércio.
O Início do declínio
A partir de 2015, o carnaval de Nova Palmeira começou a perder suas características mais marcantes. O desaparecimento do tradicional trio elétrico e a descontinuidade dos blocos emblemáticos marcaram o início de um declínio que se acentuou ao longo dos anos. O impacto foi ainda mais sentido com o crescente protagonismo dos paredões de som, que substituíram a diversidade musical e a interação comunitária por um modelo de entretenimento mais individualista e desorganizado.
Com o som ensurdecedor dos paredões dominando a tarde, muitos foliões deixaram de frequentar as ruas, e até o Bloco das Virgens, atualmente se compõe de ‘gatos pingados’. O problema não se limitava ao volume extremo – frequentemente acima de níveis seguros para a audição humana –, mas também à qualidade duvidosa das músicas tocadas, muitas vezes com letras inadequadas para menores de idade. Esse cenário afastou famílias e desestimulou os foliões que buscavam uma experiência carnavalesca tradicional.
A pandemia e as consequências
A crise se agravou com a suspensão do carnaval em 2020, devido à falta de recursos e parcerias fundamentais para sua realização. A pandemia da COVID-19 em 2021 trouxe mais um ano sem festividades, contribuindo para a perda de identidade do evento. Quando a festa retornou, em 2022, a ausência de blocos tradicionais e a falta de organização consolidaram uma nova tendência: a preferência dos foliões por permanecer em casa durante o dia e comparecer às apresentações noturnas no Cirilão, que de longe parecia ser carnaval.
A necessidade de mudança
Atualmente, o carnaval de Nova Palmeira é uma sombra do que foi em seus tempos áureos. A falta de um repertório adequado ao momento carnavalesco, a ausência de trios elétricos e blocos, e o predomínio dos paredões de som transformaram o evento em uma celebração genérica, distante de suas raízes culturais. Sendo assim, o desafio agora é resgatar a essência desse carnaval, promovendo mudanças que valorizem a tradição, a diversidade e a segurança dos foliões.
Investimentos em organização, regulação do volume dos paredões e o incentivo ao retorno dos blocos podem ser passos importantes para revitalizar a festa. Mais do que isso, é necessário resgatar o espírito de união e alegria que fizeram do Carnaval Fest Folia um marco na história de Nova Palmeira.