
O Banco Central (BC) elevou de 1,9% para 2,1% sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
A informação consta no relatório de política monetária do segundo trimestre, divulgado nesta quinta-feira, 26 de junho.
Com isso, a instituição retomou uma projeção de crescimento maior, que vigorava antes de março deste ano.
Veja os fatores que levaram o BC a subir a estimativa de crescimento neste ano:
- melhora na perspectiva da produção agrícola, com impacto modesto, mas positivo, no PIB;
- mercado de trabalho apresentou aquecimento mais intenso do que o antecipado, reforçando as perspectivas de resiliência do consumo das famílias;
- Espera-se, ainda que com elevado grau de incerteza, que as mudanças no crédito consignado para trabalhadores do setor privado tenham algum impacto sobre o consumo e o PIB.
Em 2024, segundo dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira registrou uma expansão de 3,4%.
Uma alta menor, neste ano, conforme projetado pelo BC e por analistas do setor privado, representará uma desaceleração no ritmo de crescimento.
“Apesar da revisão altista, permanece a expectativa de desaceleração da atividade econômica ao longo do trimestre corrente e do segundo semestre. Essa moderação esperada decorre da manutenção de uma política monetária restritiva e do reduzido grau de ociosidade dos fatores de produção. Também, da perspectiva de moderação do crescimento global e da redução do impulso da agropecuária registrado no primeiro trimestre”, conforme o Banco Central.
Representantes do BC têm dito então que uma desaceleração do nível de atividade é necessária para reduzir a inflação, e trazê-la de volta para as metas.
🔎No relatório de política monetária, o BC informou que o chamado “hiato do produto” segue positivo. Assim sendo, a economia continua operando acima do seu potencial de crescimento sem pressionar a inflação.
Alta dos juros
A projeção de uma expansão menor do PIB, neste ano, acontece em meio a um processo de alta dos juros para conter pressões inflacionárias.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC subiu a taxa básica da economia por sete vezes seguidas. O juro atingiu 15% ao ano na semana passada, maior nível em 20 anos.
Além disso, o Banco Central indicou que deverá interromper o processo de alta dos juros. Mas também informou que a Selic permanecerá alta por um “período bastante prolongado” de tempo.
Inflação
O Banco Central também reduziu sua estimativa para a inflação oficial em 2025, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A estimativa passou de 5,1%, em março, para 4,9%.
A meta de inflação deste ano é de 3%, e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Com isso, o BC estima um novo estouro da meta de inflação neste ano, assim aconteceu em 2024.
A probabilidade de a inflação ultrapassar o teto da meta neste ano caiu de 70%, em março, para 68%.
Para o ano de 2026, a projeção do Banco Central recuou de 3,7% para 3,6%.
Em seus documentos, a autoridade monetária tem dito, ainda, que a meta de inflação deve ser ultrapassada já em junho deste ano. Isso porque, desde o início de 2025, começou a ser adotado um sistema de meta contínua.
Preços dos alimentos
O Banco Central observou que os preços de alimentos ao consumidor desaceleraram em relação aos dois trimestres anteriores, mas “seguem com variação elevada”.
- Os preços do segmento subiram 2,17% no trimestre encerrado em maio, abaixo da variação nos três meses até fevereiro, 3,06%.
- A principal contribuição para o movimento vem do recuo no preço da carne bovina ao consumidor, após altas muito intensas até dezembro.
- Também houve queda no preço do arroz, com safra doméstica favorável e queda forte nos preços do atacado.
- Em menor grau, houve ainda desaceleração em alimentos industrializados no trimestre – que seguem, no entanto, com variações elevadas.
- Os preços do café moído, que têm contribuído para a alta do segmento, continuaram com alta intensa no varejo – embora já se observe recuo dos preços do grão no atacado.
- Por fim, alimentos in natura, que vinham apresentando variações abaixo do padrão sazonal nos últimos trimestres, tiveram alta relevante no trimestre encerrado em maio, mesmo com a acomodação recente nos preços do ovo de galinha.