Com apenas 12 anos, o pequeno Lucca Fontes Aragão viu o seu nome entre os aprovados do vestibular da Universidade Estadual do Ceará (Uece) para o curso de Matemática. O feito soma-se assim a outras tantas realizações acadêmicas que o menino, aluno do 6º ano do Ensino Fundamental, já carrega.
Ele também foi aprovado em primeiro lugar no concurso do Colégio Militar de Fortaleza, com nota 10, e conseguiu a medalha de prata na Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM). Agora, mira no ouro da OBM e na prova da União Internacional de Matemática (IMU, na sigla para o inglês).
Lucca resume a aprovação no vestibular aos 12 anos como “uma realização muito incrível” e “muito legal”, deixando transparecer a timidez típica dos meninos da sua idade. Ele confessa que a notícia não provocou grandes mudanças na sua rotina. “Foi só a fama mesmo”, diz, sobre o que mudou.
A ideia de prestar o vestibular veio do pai, José Aragão. Professor de Computação, ele sabe que a melhor forma de se preparar para uma prova é treinando. Por isso, vendo o desempenho do filho em avaliações anteriores, decidiu sugerir que ele fizesse a prova para a universidade.
“Imagina se você fizer vestibular todo semestre até chegar no terceiro ano. Então ele vai ter feito aí uns 14, 15 vestibulares. Quando ele chegar lá no vestibular que vai ser o vestibular valendo para ele, vai ser só mais uma prova”, conforme ele.
Este, inclusive, não foi o primeiro vestibular que Lucca prestou. Assim sendo, no ano passado, ele já havia passado na primeira fase do mesmo vestibular na Uece. E, este ano, veio a aprovação completa.
Do seu desempenho, o que mais surpreendeu o pai foi a nota na redação. O menino, que é fissurado em matemática, marcou 59 pontos de 60 –algo equivalente a tirar cerca de 980 na redação do Enem. “Foi um resultado, para mim, mais expressivo do que a aprovação em si”, afirma José.
Diagnóstico de superdotação
Lucca Aragão foi diagnosticado com superdotação após uma bateria de exames conduzidos por uma neuropsicóloga. A mãe, Andressa Fontes, conta que eles sempre notaram que o menino tinha uma memória muito boa, mas consideravam ser apenas um traço típico dele.
“À medida que o conteúdo foi ficando mais complexo, foi cada vez mais aparecendo a facilidade dele de aprendizado”, diz.
O acompanhamento psicológico veio antes porque a mãe havia notado um comportamento muito acelerado no filho, que ela considerava que poderia ser ansiedade. A profissional, então, realizou os testes e explicou que essa velocidade acima do normal do cérebro de Lucca raciocinar é uma característica da superdotação.
Saber que o filho é uma criança superdotada trouxe mais clareza a Andressa e José. “A gente pôde entender um pouco melhor como funciona a cabeça dele”, explica a mãe.
Aos pais, surgiu um novo desafio. Eles contam que, ao contrário de outras crianças, Lucca precisa de limites para parar de estudar e ir brincar.
“A gente precisa estar com esse olhar o tempo todo, sempre preocupado. Qual vai ser o lazer? Qual vai ser a atividade? Porque se deixar, ele vai só estudar matemática. Ele vai ficar ali só fazendo o que ele gosta de verdade”, conta Andressa.
Apesar do gosto explícito por matemática, Lucca ainda não sabe ao certo em qual carreira quer ingressar quando crescer.
Os pais também não estão pensando em adiantar os passos do filho, defendendo que “cada idade tem suas experiências”. Eles não cogitam o processo de aceleração de série, que é quando uma criança com inteligência acima da média pula para uma série escolar, mas Lucca já tem aulas particulares de disciplinas de seu interesse, como química e física.
