
Theo Correia sempre gostou de aprender. Desde muito pequeno, ele se mostrava curioso e interessado em ciências e matemática. Todo esse interesse foi combustível para que ele conquistasse nos últimos três anos pelo menos 27 medalhas de ouro em Olimpíadas do conhecimento, entre as mais de 60 que acumulou ao longo desta jornada.
Você até pode pensar que o garoto de 13 anos faz isso só pela competição, mas ele garante que não. O estudante de Niterói, no Rio de Janeiro, afirma que todas as vezes que participou de uma competição só pela medalha, acabou não entrando no pódio.
“Tem que ter alguma coisa a mais, alguma motivação extra, uma vontade de aprender, uma vontade de melhorar ali dentro. A frase que eu falo é que as medalhas enferrujam, mas o conhecimento fica”, reforça.
Se para alguns alunos a rotina de estudos e provas parece um teste de fogo, Theo encara como diversão. Em uma conversa de quase 40 minutos, muito fluida e leve, o menino nada tímido e cheio de personalidade contou o segredo para conciliar tantas competições, com a rotina da escola e atividades complementares.
A frustração virou experiência
Em 2022, ele participou das suas primeiras provas, a Canguru de Matemática e a Olimpíada Nacional de Ciências (ONC). O adolescente sequer havia se preparado para as competições, mas, para sua surpresa, conquistou o bronze. “Eu fiquei: ‘Meu Deus, eu sou capaz. Eu posso’”, relembra.
A alegria da medalha, no entanto, deu lugar à frustração no ano seguinte, quando não conseguiu repetir o feito ao voltar para a mesma competição. Para muitos, esse teria sido o fim da linha, mas ele decidiu mergulhar de vez nesse universo do saber.
“Eu estava muito focado na medalha e não na experiência. Me frustrei um pouco com isso e resolvi começar a fazer mais olimpíadas para tentar tirar esse bloqueio, esse sentimento de ‘O que aconteceu do ano passado para cá?’”, explica.
Desde então, ele não parou: física, matemática e até astronomia fazem parte do seu currículo. Inclusive, foi focando no aprendizado que ele conquistou o ouro em todas as vezes que fez a Olimpíada Mandacaru de Matemática, do Nordeste, além de ganhar o troféu ‘aluno arretado’, concedido aos participantes com as melhores colocações na prova.
Estuda pouco porque acumula bagagem

Theo é assim pelo exemplo. Desde pequeno, os pais o estimularam. Também, pudera: a mãe do garoto é jornalista e também tem formação em letras. Além de usar o lúdico para tornar o ensino mais atraente para ele, com histórias e livros infantis, Priscila Correia também mostrou ao filho como fazer prova e organizar o pensamento na hora de resolver as questões.
“É uma coisa que é tão natural que eu não sei nem explicar onde começa e onde termina. Ele veio muito semi-pronto, porque desde pequenininho tinha essa curiosidade e essa vontade de fazer”, declara a mãe.
Para fixar o conhecimento, o menino contava e ainda conta o que aprende para a família. Ele cria histórias para conseguir transmitir aquilo que captou sobre o assunto. Durante a pandemia, o garoto até teve um quadro chamado ‘Professor Theobaldo’ no perfil do Instagram da mãe, voltado para passar seu conhecimento adiante.
Ele confessa que tenta estudar, pelo menos, meia hora por dia para as provas escolares e competições, mas nem sempre consegue. Isso porque depois da escola, no período da manhã, ele tem ainda atividades extracurriculares, como taekwondo e inglês, entre outras.
“Eu estudo pouco, mas é porque é por causa de bagagem acumulada mesmo. Toda vez que eu aprendo algo novo, vou anotando num caderno, eu já tenho um cadernão assim [simboliza com as mãos]. Costumo tirar pelo menos 30 minutinhos por dia para estudar um pouco, às vezes até um pouquinho mais, um pouquinho menos”, revela.
Theo acredita no poder do estudo
Apesar de participar dessas competições, o menino não busca rivalizar com ninguém. O que ele quer mesmo é aprender e, para além disso, passar o que sabe para quem deseja o mesmo. Segundo Priscila, ele e os amigos costumam montar equipes de estudos para se ajudarem, e quando alguém não vai bem, sempre tem uma palavra amiga e de estímulo.
Theo gosta tanto disso que até criou um comitê olímpico na sua escola para incentivar outros alunos a participarem. “Está dando super certo. O projeto do meu colégio já trouxe várias pessoas, no segundo encontro, trouxe mais de 70 pessoas, uma fila quilométrica ali fora”, conta o adolescente.
Sobrou até para o irmãozinho dele, que com 7 anos, já participa de olimpíadas também. Priscila conta que Benjamin conquistou ouro no Torneio da Olimpíada de Português, e prata na Olimpíada de Literatura, com Soldadinho de Chumbo.
“Ele ama participar, e Theo diz que está ansioso para preparar e motivar o irmão e seus amiguinhos para criar uma nova geração de olímpicos.”
Pouco antenado nas redes sociais, ele usa mais a internet para pesquisar e compartilhar o que sabe. Ao contrário do que tantos outros adolescentes dizem por aí, ele acredita mesmo é no poder do estudo para ser alguém melhor.
“Eu não entendo a mente de pessoas que não valorizam o estudo. O estudo não envolve só ter uma boa carreira, chegar em alguma universidade. Deixa a gente saudável, faz parte da natureza humana. Não pode deixar o cérebro estagnar. O estudo é bom para o desenvolvimento, a saúde cognitiva, tudo”, finaliza.