
Ambientalistas, cientistas, políticos e organizações não governamentais lançaram um apelo global. Eles pedem que os líderes mundiais da COP30 adotem medidas urgentes de proteção às áreas úmidas. O destaque é para o Pantanal, o maior bioma alagável do planeta.
O pedido foi formalizado em um manifesto apresentado na quarta-feira, 15 de outubro. Isso ocorreu durante a divulgação de um relatório da Fundação para a Justiça Ambiental (EJF). O evento foi na Embaixada da União Europeia, em Brasília. “Unam-se, na COP30 e além, para colocar as áreas úmidas no centro da agenda climática global, garantindo que continuem sendo aliadas na luta contra a crise climática”, diz o documento.
A menos de um mês da abertura da conferência, que será realizada em Belém (PA), os signatários pedem então prioridade na agenda da COP30. A conservação e a recuperação desses ecossistemas deve ser prioridade. Ainda mais, a embaixadora da União Europeia no Brasil, Marian Schuegraf, destacou o dever da comunidade internacional. Assim sendo, eles precisam agir “com urgência e determinação”.
O diretor do Departamento de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias, alertou para a situação crítica do Pantanal. Ele enfrenta níveis alarmantes de degradação. “Sem o pulso das águas, nós vamos perder o Pantanal. A manutenção dessas áreas úmidas no Brasil não está garantida”, afirmou.
Relatório da EJF
O relatório da EJF reforça a gravidade do cenário. As áreas úmidas estão desaparecendo três vezes mais rápido que as florestas. Embora representem apenas 6% da superfície terrestre, concentram a maior parte do carbono armazenado no solo em todo o planeta. A fundação pede principalmente que os países assumam compromissos concretos de proteção e restauração desses ambientes. Eles devem reconhecer assim seu papel essencial no combate à crise climática.
Conforme dados oficiais do governo brasileiro, o Pantanal foi o bioma mais afetado por incêndios nas últimas quatro décadas. Cerca de 62% de sua área foi atingida pelo fogo. Assim sendo, apenas em 2024, o número de queimadas cresceu 157%. Isso destruiu cerca de 2,2 milhões de hectares. Ainda mais, o bioma também perdeu 61% da superfície de água em relação à média histórica.
Conforme os especialistas, a COP30 representa uma oportunidade decisiva. O Brasil pode assim demonstrar liderança climática. Além disso, pode também aproveitar o potencial do Pantanal e de outras áreas úmidas em prol das metas globais de preservação ambiental e sustentabilidade.
Na terça-feira, 14 de outubro, a vice-secretária-geral da ONU, Amina J. Mohammed, cobrou metas de redução de emissões para 2035. Os países que ainda não apresentaram metas devem fazer isso antes da cúpula. Ela destacou a necessidade de garantir recursos financeiros para as ações climáticas, especialmente nos países em desenvolvimento.
A conferência será inaugurada em 10 de novembro, em Belém. Reunirá delegações de 162 países. O encontro ocorrerá em meio a pressões. Espera-se que as nações ricas cumpram as promessas de financiamento climático feitas há uma década, no Acordo de Paris, que ainda não foram totalmente implementadas.