Empresa de design de Belo Horizonte (MG) adotou semana de 4 dias — Foto: Greco/Divulgação

As empresas brasileiras que participaram de um experimento sobre a semana de 4 dias de trabalho notaram um aumento de 60% no engajamento dos funcionários. Isso aconteceu um ano após o início da redução da jornada.

Mais de 70% das empresas, inclusive, disseram ter aumentado o faturamento no último ano. Apesar disso, levantaram preocupações sobre a manutenção do modelo a longo prazo, especialmente em períodos de alta demanda ou mudanças organizacionais.

Essas informações estão em um relatório divulgado nesta semana pela “Reconnect Happiness At Work”. A divulgação foi feita por meio da “4 Day Week Brazil”, uma organização sem fins lucrativos. Esta é parceira no Brasil da “4 Day Week Global”, que viabilizou o experimento no país e já fez vários testes parecidos ao redor do mundo.

O objetivo do projeto era que as empresas reduzissem a jornada de trabalho mantendo 100% dos salários e da produtividade.

Ao todo, 19 empresas concluíram o projeto no Brasil. Foram três meses de preparação, de setembro a dezembro de 2023. Então, em janeiro de 2024, os trabalhadores começaram a atuar com a carga horária reduzida.

Em fevereiro, funcionários já contaram ao g1 suas primeiras percepções. Já em abril, foi divulgado o resultado parcial após três meses de teste e, em julho, o relatório de seis meses, ao fim do experimento.

Agora, veja abaixo as principais percepções dos chefes e funcionários um ano após a adoção do modelo.

Todas as empresas participantes decidiram manter, permanentemente ou ainda como teste, a redução do expediente, mas algumas em menor escala.

As companhias são de cinco cidades em quatro estados (SP, RJ, MG e PR) e participaram do projeto com, no máximo, 25 colaboradores. A maioria é da área de tecnologia, comunicação e consultoria, mas um hospital também participou, com funcionários da área administrativa.

De 43 para 35 horas

As empresas começaram o experimento com os funcionários trabalhando aproximadamente 43 horas por semana. Após um ano de teste, o expediente foi reduzido para cerca de 35 horas semanais, apesar de a meta ser reduzi-lo para 32.

De acordo com o relatório, os resultados mostram que a redução da jornada de trabalho é um processo gradual. Ele exige mudanças estruturais nos processos, aprimoramento das práticas de gestão e o engajamento contínuo das equipes.

Alguns colaboradores destacaram a necessidade de ter uma liderança comprometida, organização eficiente e confiança no time. No entanto, em empresas onde essas condições não estavam alinhadas, surgiram dificuldades em manter o dia livre, destaca o relatório.

“É importante que todos, principalmente a liderança, se organizem o suficiente. Isso é necessário para garantir um bom fluxo de trabalho e não prejudicar a folga do restante da equipe”, disse um participante.

Adaptações na rotina de trabalho 👩💻

Para a semana de 4 dias funcionar, as equipes precisaram adotar diferentes estratégias para tornar os processos internos mais dinâmicos e agilizar a produção.

Como resultado:

O uso de tecnologia e automação também ajudou, e foi citado por 52,3% dos participantes. Quase 40% também afirmaram que houve redução do tempo dedicado a reuniões.

Impactos na saúde 💪

Após a redução da jornada, houve um aumento de 43,6% no número de colaboradores que praticam exercícios físicos mais de três vezes por semana. O relatório também destaca um crescimento do tempo médio de sono, de 6,7 para 7 horas por noite.

Quase 80% dos participantes ainda relataram sentir-se mais alegres e de bom humor. Ao mesmo tempo, houve uma redução expressiva nos fatores que comprometiam o bem-estar.

O desgaste emocional no trabalho caiu 58,2%, e a exaustão pela manhã, ao pensar no trabalho, se reduziu em 59,8%.

Com isso, quase 43% dos funcionários disseram que precisariam de um aumento salarial de mais de 50%. Isso para considerarem retornar a uma semana de trabalho de cinco dias.

G1

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *