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Míssil de cruzeiro AGM-86B, sem armamento, é lançado de um B-52H Stratofortress sobre o Campo de Testes e Treinamento de Utah durante uma missão do Programa de Avaliação do Sistema de Armas Nucleares, em 22 de setembro de 2014 – Foto: OL-H, AFPAA – US AIR FORCE / RFI

Um grupo japonês de sobreviventes de bombas atômicas, laureado com o Prêmio Nobel da Paz, criticou veementemente a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retomar testes de armas nucleares. Eles classificaram a decisão como “totalmente inaceitável”, de acordo com um documento divulgado nesta sexta-feira, 31 de outubro.

O grupo, conhecido como Nihon Hidankyo — um movimento dos hibakusha (sobreviventes) — enviou uma carta de protesto à embaixada dos EUA no Japão. Isso ocorreu após o anúncio da ordem, feito por Trump na quinta-feira, 30 de outubro.

A Carta

Na carta, a Hidankyo, vencedora do Nobel da Paz em 2024, declarou que a ordem “contradiz diretamente os esforços das nações em todo o mundo que se empenham por um mundo pacífico, sem armas nucleares. É totalmente inaceitável.”

O prefeito de Nagasaki também condenou a diretiva. Ele afirmou que ela “despreza os esforços de pessoas em todo o mundo que têm suado sangue e lágrimas para realizar um mundo sem armas nucleares”.

O prefeito de Hiroshima, Shiro Suzuki, chegou a questionar se a retomada dos testes não tornaria Trump “indigno do Prêmio Nobel da Paz”. Ele se referia à intenção da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, de indicar o líder americano para o prêmio.

Os sobreviventes carregam décadas de trauma físico e psicológico. Além disso, enfrentam o estigma resultante do único uso de armas nucleares em combate na história, quando os EUA lançaram bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945.

Cerca de 140.000 pessoas morreram em Hiroshima e outras 74.000 em Nagasaki, muitas delas devido aos efeitos da exposição à radiação. Outros dois grupos de sobreviventes sediados em Hiroshima também se manifestaram, afirmando que “protestam veementemente e exigem firmemente que tais experimentos não sejam conduzidos”.

Ordem surpreende e levanta dúvidas

Donald Trump ordenou a retomada dos testes, suspensos há mais de 30 anos. Ele alegou que instruiram o Departamento de Guerra a iniciar os testes de armas nucleares “em igualdade de condições,” em resposta aos programas de testes de outros países. A ordem se publicou nas redes sociais minutos antes de Trump se encontrar com o líder chinês Xi Jinping, durante uma cúpula na Coreia do Sul.

No entanto, o anúncio deixou muitas dúvidas. Não ficou claro se o presidente se referia ao teste de sistemas de armas ou à condução de explosões de teste reais. Isso é algo que os Estados Unidos não realizam desde 1992. A última explosão de teste nuclear dos EUA ocorreu em setembro daquele ano: uma detonação subterrânea de 20 quilotons.

O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, defendeu a necessidade dos testes. Ele afirmou que eles são “uma parte importante da segurança americana, para garantir que esse arsenal nuclear que temos realmente funcione corretamente”.

Reações internacionais 

A comunidade internacional reagiu com preocupação. O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, classificou os planos de retomada como “regressivos e irresponsáveis”. Ele acrescentou que os testes representam “uma séria ameaça à paz e segurança internacionais”.

As declarações de Trump vieram na esteira de anúncios russos sobre testes bem-sucedidos. Eles envolviam mísseis de cruzeiro com capacidade nuclear e drones submarinos. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, questionou se Trump havia sido informado corretamente, esclarecendo que os exercícios russos recentes “não podem, de forma alguma, ser interpretados como testes nucleares”.

A China, por meio de seu porta-voz Guo Jiakun, fez um apelo para que os Estados Unidos “cumpram seriamente” a proibição global de testes nucleares. Os EUA são signatários do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT) desde 1996. Qualquer teste de ogivas constituiria uma violação flagrante desse acordo.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, reiterou que “o teste nuclear nunca pode ser permitido sob nenhuma circunstância”.

Apesar de defender a retomada dos testes, Trump também repetiu a alegação de que deseja negociações com a Rússia e a China sobre a redução dos arsenais nucleares. Ele afirmou que “a desnuclearização seria uma coisa tremenda”. No entanto, a retórica nuclear tem retornado à diplomacia global desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

Trump também afirmou que os EUA possuem mais armas nucleares do que qualquer outro país. Essa alegação, contudo, é refutada por estatísticas do Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (SIPRI). Eles indicam que a Rússia possui 5.489 ogivas nucleares (ou 4.309 ogivas implantadas ou armazenadas, dependendo da fonte específica) em comparação com 5.177 (ou 3.700) dos Estados Unidos e 600 da China.

Reações da Imprensa 

O jornal francês Le Figaro destacou que a Coreia do Norte é o único país que realizou testes nucleares no século XXI, sendo o último em 2017. O diário também observou que, embora Estados Unidos, China e Rússia sejam signatários do Tratado de Proibição de Testes Nucleares, o acordo nunca entrou em vigor por falta de ratificação — inclusive pelos próprios EUA. Em 2023, a Rússia retirou sua assinatura, criticando Washington.

Já o jornal Le Parisien analisou que a retomada dos testes “traz de volta um imaginário do passado”. Os líderes internacionais devem lidar com a “ambiguidade estratégica” em torno da corrida nuclear. O jornal aponta que, embora o arsenal nuclear global tenha diminuído nas últimas décadas, a guerra na Ucrânia “pode inverter a curva nos anos seguintes”. A publicação conclui: “Os países não falam mais em se desarmar, mas reaprendem a viver sob ameaça.”

Terra

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