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Voo presidencial
O presidente Lula cumprimenta o vice, Geraldo Alckmin, antes de viagem oficial — Foto: Cláudio Kbene/PR/8-7-2023

Um avião que transportaria o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sua comitiva presidencial teve um problema técnico na quinta-feira, 1º de outubro, em Belém. As causas ainda não revelaram. O episódio, que se junta a outros dois em menos de um ano, voltou a ser alvo de reclamações do petista. Isso trouxe à tona mais uma vez as restrições orçamentárias que impactam investimentos. Essa situação pode afetar a manutenção de equipamentos nas Forças Armadas.

Em entrevista a uma rede de televisão no Pará, Lula disse que precisou trocar de aeronave por receio de um incêndio. Ontem, ele e a primeira-dama Rosângela da Silva foram à Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, na capital paraense. Eles agradeceram por ter se “livrado de decolar e nos mantendo em solo, em segurança”, nas palavras de Janja.

— Ao embarcar para a Ilha do Marajó, teve um problema no motor do avião Casa, da FAB. Tenho que agradecer a Deus porque poderia ter acontecido quando eu estivesse no ar. Ainda em terra, tivemos que descer do avião com medo de o avião pegar fogo — afirmou.

Orçamento restrito

Há anos, os militares se queixam de que o orçamento do Ministério da Defesa é insuficiente. Isso prejudica a realização de investimentos como a renovação da frota e mesmo para a compra de peças necessárias à manutenção dos equipamentos.

Atualmente, a pasta à qual estão subordinados Exército, Marinha e Força Aérea Brasileira (FAB) tem orçamento de 1,06% do PIB. Em 2021, era 1,27%. O ministro José Múcio defende a aprovação da PEC 55, que estipula um percentual mínimo de 2% do PIB para defesa. O orçamento do Ministério da Defesa em 2024 era de R$ 125 bilhões, dos quais R$ 106,8 bilhões se destinavam às despesas com pessoal.

Atividades de custeio, inclusive a manutenção, chegaram a apenas R$ 8,7 bilhões, cerca de 7% do total. Neste ano, o orçamento da União prevê R$ 133 bilhões para a pasta. Isso mantém mais de 80% do gasto com pessoal e menos de 10% em atividades de custeio e manutenção. Procurados pelo GLOBO, o Ministério da Defesa e a Força Aérea não se manifestaram.

Comum postergar manutenções

Militares e pessoas familiarizadas com o assunto afirmam que, na FAB e em outras Forças Armadas, é comum ter de postergar manutenções de equipamentos, entre eles aviões de carga, por falta de recursos. Nesta semana, ao visitar a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, Múcio se queixou da falta de verba. Em seu discurso, disse que o cenário “não é culpa de nenhum presidente”, e sim da falta de prioridade do segmento em sucessivos governos.

O ministro disse que o Brasil, que tem território 11 vezes maior que o do Chile, tem uma frota de defesa menor que a do país andino.

— Se os senhores querem que eu fale com muita franqueza, vim atrás de ajuda. A defesa nunca fez parte da campanha política de nenhum presidente da República. Temos bastante equipamento, mas não temos dinheiro para combustível. Não temos dinheiro para comprar peças. Falta combustível, falta peça, falta munição — disse Múcio a senadores.

C-105

A aeronave que transportaria Lula e apresentou problemas é um dos onze C-105 Amazonas operados pela FAB. Esse modelo, um turboélice bimotor, está na frota da Força Aérea desde 2006. Foi fabricado pela divisão de defesa da Airbus, segunda maior empresa de aviação do mundo.

No Brasil, o C-105 é empregado em missões de transporte de carga e passageiros, em atividades de paraquedistas e missões médicas. Segundo o Palácio do Planalto, o avião “não integra a frota presidencial, mas foi escolhido por ser adequado às condições da pista no município de destino”.

Esse modelo praticamente não é usado para o transporte de autoridades, de acordo com um militar de alta patente ouvido pelo GLOBO. No entanto, tem a capacidade de operar em pistas mais curtas, como a de Breves. Este destino é no Arquipélago do Marajó, destino de Lula, que embarcou com uma comitiva de ministros e assessores.

Lula e seus ministros precisaram embarcar em aeronave reserva, um C-97 Brasília, de menor porte. Este modelo tem menos da metade da capacidade de passageiros do C-105. O modelo é um turboélice bimotor EMB-120, fabricado pela Embraer e usado para o transporte de passageiros.

A FAB opera o avião desde 1987, e recentemente esse tipo de aeronave passou a receber atualizações de aviônica, ou seja, de troca de painéis. A depender da configuração, pode receber 30 passageiros. A aeronave tem excelente histórico e reputação no setor. Conforme técnicos ouvidos pelo GLOBO, é tida como um dos maiores sucessos já desenhados pela fabricante brasileira de aviões.

Do Sucatão ao ‘AeroLula’

Reservadamente, militares ouvidos pela reportagem afirmam que o caso coloca em pauta gargalos na manutenção de aviões. Esses aviões não integram a frota presidencial. Entre militares, o episódio de Belém lembrou ainda outros problemas causados por falta de manutenção preventiva. Um exemplo é a pane de um KC-137 da FAB em Porto Príncipe, no Haiti, em 2013.

Na ocasião, o avião, um Boeing 707 que chegou a integrar a frota presidencial até os anos 2000 e cujo apelido era Sucatão, apresentou fogo em um dos motores e interditou a pista do aeroporto haitiano.

Em um intervalo de um ano, Lula passou por três problemas aéreos distintos em aeronaves da FAB em agendas oficiais. Em outubro de 2024, uma falha no avião presidencial, um VC-1, modelo Airbus A319CJ, forçou o presidente a ficar quase cinco horas a bordo voando em círculos. Isso ocorreu na Cidade do México para gastar combustível e fazer pouso seguro no Aeroporto Felipe Ángeles. Ao chegar ao solo, Lula e sua comitiva trocaram de aeronave para voar do México até Brasília.

O episódio irritou o presidente e reabriu a discussão no governo sobre compra de uma nova aeronave. Na época, a Aeronáutica ficou encarregada de fazer sondagens no mercado internacional de modelos que poderiam atender às exigências e substituir o “AeroLula”. O plano, no entanto, acabou ficando em segundo plano no final de 2024 em meio às discussões do ajuste fiscal.

Março de 2025

Em março deste ano, o avião presidencial precisou arremeter ao tentar pousar no aeroporto de Sorocaba, no interior de São Paulo. De acordo com a Secretaria de Comunicação Social, o procedimento ocorreu devido ao vento forte. Isso levou o piloto a optar pelo procedimento de arremeter a aeronave e pousar pela outra cabeceira da pista. O procedimento é considerado normal e seguro pela aviação. No voo, além de Lula, estavam os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Trabalho, Luiz Marinho.

Ao GLOBO, um técnico com longa experiência em manutenção de aviões explica que os equipamentos militares, no geral, não cumprem à risca os protocolos dos fabricantes dos aviões. Na aviação civil, por exemplo, dificilmente companhias aéreas voam aviões por mais de 15 anos. Isso porque o custo de manutenção sobe e modelos mais recentes costumam consumir menos combustível. Se a manutenção preventiva for bem feita, no entanto, as aeronaves podem operar normalmente por décadas.

O GLOBO

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