
No ano passado, a BYD impressionou ao atracar uma gigantesca embarcação para transporte de carros em portos brasileiros. Mas a iniciativa da marca está longe de ser exclusiva: a Geely também tem seu “navio-cegonha” e já confirmou que ele vem ao Brasil.
Lançado em maio desse ano, o Jisu Fortune é o próprio navio Ro-Ro da Geely. Esse é o nome dado, a partir do termo em inglês, aos navios especializados no transporte de automóveis.
O Jisu Fortune é capaz de transportar cerca de 7.000 veículos de uma vez. Para isso, mede 200 metros de comprimento e tem 12 andares — sendo oito equivalentes a pavimentos de um edifício-garagem. Além de carros, segundo a Geely, o navio também transporta caminhões e outros veículos.
A embarcação também é flex: além do óleo combustível tradicional, seus motores funcionam à base de gás natural liquefeito. Esse GNL é obtido através de fontes renováveis que diminuem drasticamente sua pegada de carbono.
Vinda ao Brasil
Em sua primeira viagem, o gigante partiu de Taicang, na China, e rumou à Europa.
A prioridade ocorreu porque o Grupo Geely é dono de marcas longevas e fundadas na Europa, como Volvo e Smart
Dessa forma, a rota inaugural buscou abastecer o mercado europeu com marcas tradicionais, cujos modelos são produzidos em fábricas chinesas.
A Geely, entretanto, já iniciou sua invasão no Brasil: além do SUV médio EX5, a marca anunciou o EX2.
É um compacto 100% elétrico mais barato que o BYD Dolphin, que se tornou o carro mais vendido na China recentemente.
Logo, à medida que a Geely ganha clientes no Brasil, é questão de tempo para que o Jisu Fortune atraque aqui.
A própria montadora confirma isso e, em comunicado oficial, garantiu que a embarcação servirá a “rotas cruciais, como Brasil-China, Ásia-Europa e outros caminhos estratégicos”
Por que todos esses navios?
Com a explosão da indústria automotiva chinesa, o ato de dar vazão aos veículos produzidos se tornou um desafio. Por isso, quem tem um navio Ro-Ro para chamar de sua parte na frente.
A urgência de um transporte confiável tornou-se particularmente aguda, já que as exportações de carros chinesas dispararam nos últimos dois anos. No entanto, durante o mesmo período, o crescimento da capacidade global de navios transportadores de carros esteve muito atrás
Associação de Membros do Comércio Internacional (WITA)
Com o Jisu Fortune, a Geely espera diminuir a dependência de navios alugados, que são escassos e têm longas filas. Além disso, também diminuem-se os custos de frete ao eliminar um intermediário no processo.
A BYD pensa parecido, e segue implantando uma frota de oito navios próprios. Juntos, eles levam cerca de 70.000 carros pelos mares e já passaram pelo Brasil em diferentes ocasiões.
Iniciativa semelhante vem sendo adotada pela MG (que também estreou no Brasil) e pela SAIC, que também expandem suas frotas marítimas.
Em último caso, afirma a WITA, os surgimentos dos “navios-cegonhas” chineses podem ir além da economia, se tornando fonte de lucro no aluguel para marcas japonesas, coreanas e ocidentais.
“Agora, marcas como a BYD parecem estar se preparando não só para enviar seus próprios carros, mas também para oferecer serviços de transporte global para outros fabricantes de automóveis. É a fabricante de automóveis, o proprietário do navio e o provedor de logística de transporte juntos em um só”, analisou a entidade.