A decadência da seleção brasileira: um time sem identidade
O atual estado da seleção brasileira de futebol é um reflexo da falta de identidade e planejamento de longo prazo. Desde a fatídica derrota por 7 a 1 para a Alemanha, em 2014, o Brasil parece ter perdido o rumo. O time já não impõe respeito e, pior, carece de um estilo de jogo que remeta à tradição do futebol brasileiro.
O futebol brasileiro sempre foi conhecido pelo talento individual e pela criatividade dentro de campo. No entanto, atualmente, a Seleção parece mais uma equipe previsível e sem brilho. Com a pressão por resultados e a falta de um projeto sólido, os jogadores não conseguem desempenhar seu melhor futebol. O que antes era sinônimo de arte e improvisação, hoje é um time burocrático e sem inspiração.
Um time sem alma
Atualmente, a Seleção sofre com a ausência de líderes em campo. Se no passado tínhamos Romário, Ronaldo, Rivaldo e Cafu, hoje os jogadores parecem desconectados do espírito vencedor que fez do Brasil a maior potência do futebol mundial. A derrota humilhante para a Argentina por 4 a 1, na noite de 25 de março de 2025, no Monumental de Nunes, em Buenos Aires, apenas reforçou essa realidade.

Além disso, há um problema psicológico evidente. A pressão da torcida e da mídia faz com que os jogadores entrem em campo inseguros, sem a confiança necessária para enfrentar grandes desafios. Falta atitude, falta garra, falta a mentalidade vencedora que marcou gerações passadas.
O problema dos técnicos e a falta de um projeto
A instabilidade no comando técnico também contribui para a decadência do futebol brasileiro. Desde a saída de Tite, a Seleção já teve diferentes treinadores, nenhum conseguindo estabelecer um projeto sólido. Dorival Júnior, que assumiu o posto após uma série de trocas, enfrenta grande pressão da torcida e da mídia. A sombra de um treinador estrangeiro, como Carlo Ancelotti, continua presente, mas será que um técnico de fora conseguiria resgatar a essência do futebol brasileiro?
O grande problema não é apenas o treinador, mas sim a falta de um planejamento estrutural dentro da CBF. Enquanto outras seleções investem na modernização do futebol, o Brasil parece preso a um modelo ultrapassado, sem inovação e sem uma linha clara de trabalho.

O peso da nova geração
A Seleção de hoje é formada, em grande parte, por jovens talentosos, mas sem experiência em decisões importantes. Vinícius Júnior, Rodrygo e Endrick são promessas, mas ainda não demonstraram a capacidade de carregar o time nos momentos decisivos. A falta de jogadores experientes para guiá-los é um problema evidente.
Antigamente, os jovens talentos tinham referências dentro do elenco. Em 2002, por exemplo, Kaká e Ronaldinho Gaúcho surgiram em um time que tinha Ronaldo, Rivaldo e Cafu para guiá-los. Hoje, os jovens carregam a responsabilidade sozinhos, e isso acaba pesando nos momentos decisivos.
A influência do futebol europeu
Outro fator que precisa ser discutido é a influência do futebol europeu na formação dos jogadores brasileiros. A maioria dos nossos talentos sai cedo do país para atuar na Europa, onde são moldados dentro de um estilo de jogo diferente. O futebol brasileiro, que sempre prezou pela criatividade e pela improvisação, está cada vez mais padronizado, seguindo o modelo europeu de intensidade e rigidez tática.
Isso não seria um problema se houvesse um equilíbrio, mas o Brasil tem perdido sua identidade. Hoje, nossos jogadores são ótimos em cumprir funções táticas, mas poucos conseguem decidir jogos com jogadas individuais ou lances inesperados, como era comum nas gerações passadas.
O futebol brasileiro perdeu sua essência?
O Brasil sempre foi conhecido pelo futebol arte, com dribles envolventes, jogadas inesperadas e talento nato. No entanto, o futebol moderno, baseado na intensidade e na disciplina tática, parece ter engolido essa tradição e a decadência está evidente. A pergunta que fica é: ainda há espaço para o estilo brasileiro no futebol de hoje?

O mundo mudou e o futebol também. No entanto, seleções como a Argentina e a França conseguiram modernizar seu estilo sem perder suas raízes. O Brasil, por outro lado, parece perdido entre o passado glorioso e a necessidade de adaptação ao futebol moderno.
O papel da CBF na reconstrução da Seleção
A CBF tem grande responsabilidade na decadência da seleção brasileira. A falta de planejamento e a ausência de um projeto a longo prazo prejudicam o desenvolvimento do futebol nacional. Para recuperar a hegemonia, é necessário investir nas categorias de base, valorizar o futebol jogado no Brasil e estabelecer um estilo de jogo que respeite a tradição do país.
Além disso, a escolha de um treinador precisa ser feita com critério, e não apenas baseada em resultados imediatos. Um técnico estrangeiro pode ser uma solução, desde que seja alguém que compreenda a cultura do futebol brasileiro e saiba como resgatar suas características.
Portanto, a seleção brasileira precisa de uma reformulação profunda, que vá além da troca de técnicos. É necessário um planejamento de longo prazo, resgatar a essência do futebol nacional e, principalmente, devolver ao torcedor o orgulho de ver o Brasil em campo. Caso contrário, corremos o risco de continuar vivendo apenas da nostalgia dos tempos gloriosos.
O desafio é grande, mas ainda há tempo para mudar o rumo e mudar essa decadência do futebol brasileiro. O escrete nacional tem talento de sobra, mas precisa se reinventar para voltar ao topo do futebol mundial.
