
Em julho, o fóssil de um ceratossauro, dinossauro predador que viveu há cerca de 150 milhões de anos, irá a leilão em Nova York (EUA). Avaliado entre US$ 4 milhões e US$ 6 milhões (equivalente a até R$ 32 milhões), o esqueleto é o único exemplar jovem da espécie já descoberto, e possui um crânio completo formado por 57 ossos frágeis.
Encontraram o ceratossauro em 1996, em Wyoming, nos Estados Unidos. Na época, o fóssil foi adquirido pelo Museum of Ancient Life, em Utah, onde foi montado e exibido.
Agora, restauraram o fóssil com ajuda de impressão 3D e suportes metálicos de nível joalheiro, que permitem a remoção individual dos ossos. O fóssil se comprou do museu em 2014 pela empresa Fossilogic, especializada em paleontologia comercial.
A casa de leilões Sotheby’s anunciou o leilão do fóssil de dino no post do Instagram que você pode ver abaixo. A postagem destaca que a peça “oferece um raro vislumbre do estágio inicial da vida de um dos predadores mais temíveis da pré-história”.
Venda é alvo de críticas
Mas o anúncio da casa de leilões Sotheby’s leva à preocupação de que a alta valorização comercial de exemplares como esse acirre a especulação em torno de fósseis e dificulte sua permanência em museus públicos.
A venda acontece pouco mais de um ano após o leilão do estegossauro “Apex”, arrematado então por US$ 45 milhões pelo bilionário Kenneth Griffin. Para paleontólogos acadêmicos, a alta dos preços provocada por esse tipo de negociação, chamada por alguns de “efeito Apex”, prejudica assim tanto pesquisadores quanto empresas menores, ao encarecer o acesso aos sítios. Já há relatos de aumentos nos valores cobrados por proprietários de terras arrendadas para escavações.
“Ao verem essas cifras, os donos de terra acham que estão cobrando pouco. Mas não entendem o quão volátil é esse mercado”, afirmou Andre LuJan, presidente da Associação de Paleontologia Aplicada, ao New York Times.
Já a Sotheby’s defende então os leilões como uma maneira de atrair doadores e ampliar a visibilidade dos fósseis. Conforme Cassandra Hatton, vice-presidente da casa, o esqueleto do Ceratossauro nunca se descreveu formalmente em literatura científica, pois o museu que o exibia não possuía certificação oficial como repositório paleontológico.
A expectativa é que o esqueleto receba ofertas de instituições e colecionadores privados, uma prática criticada por entidades como a Sociedade de Paleontologia de Vertebrados, que há décadas se posiciona contra a comercialização de espécimes raros. Para eles, a venda pode tirar fósseis importantes da esfera pública e comprometer seu valor científico.