
Kelvin Kenaldy da Silva, de 17 anos, carregava nos pés o sonho de chegar longe no futebol. Natural de Tapera, no Norte do Rio Grande do Sul, o adolescente morreu no sábado, 21 de junho, em Taquari, após passar mal no alojamento do clube onde era goleiro.
“Ele estava evoluindo muito e tudo indicava que alcançaria o sonho dele”, conforme o pai Roberto Carlos da Silva.
Chamado carinhosamente de “Alemão” pelos pais, a despedida precoce ainda machuca quem perdeu uma peça importante da família:
“Quem tem filho vai entender. Ele era o melhor do mundo. Ninguém nunca teve uma queixa dele. Ainda está muito dolorido. Ele não fazia mal a ninguém”, comenta então Roberto.
Goleiro por acaso

Kelvin começou a trajetória esportiva em 2014, na escolinha de futsal de sua cidade natal. Curiosamente, assim que o destino o colocou debaixo das traves por um imprevisto: no primeiro amistoso, o goleiro titular se machucou durante o aquecimento.
O técnico, sem opções, pediu então aos pais de Kelvin que ele assumisse a posição. Assim, nascia um goleiro.
“Ele começou com toda a felicidade do mundo. A intenção inicial é que ele jogasse na linha. No primeiro jogo dele ficamos com frio na barriga, ansiosos, por mais que fosse um amistoso. Estávamos com a máquina registrando tudo. Durante o aquecimento o goleiro do time dele se machucou e o professor veio pedir para a gente se ele podia atuar como goleiro, e assim começou a jornada dele”, relembra o pai.
Kelvin vestiu as camisas de clubes como Arsenal (Não-Me-Toque), bem como do Vila Nova (Passo Fundo), Ypiranga (Erechim) e até do Internacional, em Porto Alegre.
Cada passo foi conquistado com muito esforço. Filho de uma família humilde, ele contou com o apoio dos pais, Roberto e Rosimeri, que enfrentaram dificuldades financeiras para dessa forma manter vivo o sonho do filho.
De acordo com relato dos familiares, Kelvin era daqueles que pensavam mais nos outros do que em si mesmo. Evitava pedir coisas novas, mesmo quando suas luvas e chuteiras já estavam no limite.
“Fazíamos tudo por ele. Era bem complicado para nós. Suamos muito para poder manter as oportunidades na vida dele”, disse Roberto.
“Ele não queria que a gente gastasse dinheiro. Às vezes ele ia no limite das luvas e das chuteiras dele e não queria gastar o nosso dinheiro. Se preocupava muito comigo e com a mãe dele”, comenta.
Além do talento com a bola, Kelvin era um bom aluno e um filho exemplar. Gostava de pescar com o pai bem como sonhava em abrir uma escolinha de futsal para ajudar outros jovens a seguirem o mesmo caminho.
Saúde de Kelvin

Kelvin recebeu os primeiros socorros no alojamento do clube, antes de ser então encaminhado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao hospital, onde morreu.
Conforme o presidente do Esporte Clube Pinheiros, Hermes Porto da Rosa, Kelvin havia realizado todos os exames exigidos pela Federação Gaúcha de Futebol.
Além disso, Roberto garante que o filho era saudável, forte e em plena evolução como atleta.
“Ele não tinha nenhum problema de saúde. Estava forte, tinha o físico bom. Nós estávamos torcendo para ele crescer, pois alguns times estavam fechando as portas porque exigiam tamanho, apesar dele ter rodado em vários times no Estado como um bom goleiro”, comenta o pai.
Kelvin estava no Pinheiros desde o início do ano. Assim sendo, ele se preparava para estrear na série A2 do Gauchão sub-17 no fim de semana.
Conforme nota, a instituição lamentou a morte. “Um jovem talentoso, cheio de sonhos e muito querido por todos”, definiu.
Nota do EC Pinheiros
“Nota de Falecimento
A família Pinheirenses está de luto.
É com imensa tristeza que comunicamos o falecimento do nosso atleta juvenil Kelvin Kenaldy da Silva. Um jovem talentoso, cheio de sonhos e muito querido por todos no E.C. Pinheiros.
Neste momento de dor, expressamos nossa solidariedade e os mais sinceros sentimentos à família, aos amigos e a todos que tiveram o privilégio de conviver com o Kelvin.
Descanse em paz.”