
Modelo e influenciadora digital, Ellen Milgrau se tornou um sucesso na internet quando teve a ideia de gravar a faxina que fez na casa de um amigo, que não conseguia arrumar o apartamento devido à depressão. Desse primeiro vídeo, ela criou uma série nas redes sociais que soma milhões de visualizações e agora leva esse projeto para a televisão.
Ellen relembra que, após esse primeiro vídeo, começou a receber pedidos para ajudar outras pessoas com problemas de saúde mental, que lidam com a depressão ou são acumuladores, para limpar suas casas. Inspirada em conteúdos estrangeiros, ela decidiu criar a série, que foi crescendo ao longo dos anos até se tornar o reality show Missão Faxina, que estreia na noite desta quinta-feira, 25 de setembro, no Discovery Home & Health e na HBO Max.
Missão Faxina
O Missão Faxina será um programa de transformação da casa, no qual Ellen conversa com o participante e, com a ajuda de três amigos, encara a faxina que promete ser um pontapé inicial para uma mudança de vida de quem é ajudado.
“Esse formato casou muito bem pelo fato de eu ser uma pessoa que lida com essa doença mental, que é a depressão, há mais de 10 de anos. Consigo me colocar no lugar das pessoas que passam por isso e são julgadas, são tidas como porcas e preguiçosas.”
A apresentadora relembra que começou a dar os primeiros sinais de que estava com depressão há dez anos, quando voltou a morar no Brasil após trabalhar como modelo no exterior. Assim como as pessoas que procura ajudar no programa, ela precisou de apoio para entender o que estavam vivendo.
“Eu não tinha informação sobre a depressão. Não era um assunto falado, era um supertabu. Meus pais achavam que era corpo mole, que era frescura, que eu tinha que fazer alguma coisa para sair daquela situação. Então, meus amigos se juntaram e pagaram um psiquiatra para mim. Foi aí que comecei a ter esse entendimento. Comecei a passar com um médico e, desde então, sou medicada e faço tratamento.”

Ajuda para mudança de vida
Ellen conta que, assim como para os vídeos que grava para a internet, os participantes do Missão Faxina ou pedem ajuda por conta própria, ou são inscritos por algum parente, mas frisa que todos que passam pelo programa fazem isso cientes da transformação. “Não é uma intervenção na vida da pessoa. A pessoa precisa vir até a gente e querer. Esse é o ponto principal: ela querer essa mudança. Quando ela entender que aquela bagunça está atrapalhando ela e estiver disposta a receber ajuda, é aí que a gente entra.”
Diferente do trabalho que faz nas redes sociais, a apresentadora conta que os participantes do reality ganham uma ajuda mais completa, com psicólogos e advogados durante o período da gravação. Marina Pedral, Gerente de Conteúdo de Não-Ficção da Warner Bros. Discovery, descreve o reality show como um programa de “escuta ativa”, no qual os participantes conversam com Ellen sobre os problemas que estão passando e ganham uma transformação em suas casas.
“O suporte que o projeto propõe acontece por trás das câmeras. A parte da escuta para as questões emocionais aparece. É um diálogo com a Ellen, mas ela é uma apresentadora, não é uma especialista em saúde mental. O formato propõe uma reflexão sobre as condições emocionais das pessoas e como as condições emocionais refletem na limpeza e na organização, mas a proposta é que essa jornada seja o pontapé inicial para uma nova fase que as pessoas vão se propor viver. A gente não faz promessas para essas pessoas, a gente as convida a mergulhar nessa transformação interna e externa”, diz Marina.
Luciana Pires, produtora executiva do projeto, acompanhou as gravações presencialmente e garante que os limites dos participantes foram respeitados e que tudo incluído nos episódios foi aprovado pelas pessoas ajudadas.
As faxinas
Por mais que o tema de saúde mental seja delicado e muitas vezes triste, o intuito do Missão Faxina é tratar esse assunto de uma maneira mais leve, principalmente com o humor que Ellen e seus ajudantes, chamados de faxiners, levam para as diárias de limpeza, que incluem tirar muito lixo da casa e também lidar com animais como ratos, baratas e larvas.
“Não suporto barata, quero morrer com elas. Chega um momento, que a gente se acostuma, porque não posso ficar gritando e não fazer nada. No nosso grupo, cada um tem um medo diferente. O Rodrigo morre de medo de rato. A Jady tem pavor de larva, que já é uma coisa que eu gosto de ver. E fica a Nicoli e eu morrendo de medo de barata, porque elas podem entrar nos nossos buraquinhos, né? Ela pode entrar no meu ouvido”, conta a apresentadora.
Luciana, a produtora, já adianta que enfrentou perrengue em todos os dias de gravação por conta da sujeira e do lixo acumulado nas casas. Ela também diz que, por mais que as faxinas fossem muito pesadas, todos terminavam o dia com a sensação de dever cumprido.
Entretanto, para Luciana os momentos de mostrar o resultado da transformação para o participante foram os mais emocionantes. “Chorei em todas as últimas diárias nas casas. É muito gratificante poder proporcionar isso para as pessoas e sempre era uma expectativa da equipe inteira. Ficávamos todos muito emocionados de ver o personagem voltar para o seu lar e encontrá-lo totalmente transformado. É a hora que cai a ficha para ele de como ele estava vivendo e abre a porta de como pode viver.”
Impacto
Além de mostrar as faxinas, o programa também dará uma atualização sobre cada caso, mostrando como os participantes ficaram após a passagem de Ellen Milgrau pelas casas deles. Isso é uma novidade em relação ao que a modelo faz na internet, mas ela conta que já costuma receber o retorno das pessoas que ajuda.
“Sempre recebo uma mensagem falando: “Ah, eu tô fazendo a minha comida”. Esses dias mesmo recebi uma mensagem de uma menina que falou: ‘Você mudou minha vida, aquilo abriu meu olho’. E me contou várias novidades. É uma coisa muito louca que realmente dá um gás para a pessoa”, conclui Ellen.