Hipertensão atinge três em cada dez brasileiros — Foto: Divulgação/Ascom PMP

Médicos no Reino Unido desenvolveram um tratamento inovador para tratar a hipertensão arterial causada pelo aldosteronismo primário, condição responsável por 5% dos casos de pressão alta. A técnica, chamada Terapia Térmica Direcionada (Triplo T), foi testada com sucesso e pode se tornar uma alternativa menos invasiva à cirurgia tradicional. A revista “The Lancet” publicou os achados em fevereiro de 2025.

“O aldosteronismo primário ocorre quando as glândulas adrenais produzem aldosterona em excesso. Esse hormônio regula os níveis de sódio e potássio no organismo, e seu desequilíbrio pode levar à hipertensão arterial”, explica Luiz Bortolotto, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Hipertensão e diretor da Unidade de Hipertensão do InCor.

Bortolotto, que não participou do estudo, ressalta, contudo, que essa é uma das causas de hipertensão secundária, tipo que tem origem em condições específicas e pode se reverter quando tratado corretamente.

Como funciona o novo tratamento

No estudo, os pesquisadores testaram o Triplo T em 28 pacientes diagnosticados com aldosteronismo primário. A técnica utiliza ablação por radiofrequência guiada por ultrassom endoscópico para destruir pequenos nódulos nas glândulas adrenais, responsáveis pelo excesso de produção da aldosterona.

Atualmente, o tratamento mais eficaz para a condição é a cirurgia convencional, que remove toda a glândula adrenal afetada. No entanto, essa abordagem pode trazer riscos e exige um período de recuperação prolongado. Já o Triplo T preserva o tecido saudável, reduzindo complicações e acelerando a recuperação dos pacientes.

Seis meses após o procedimento, a maioria dos participantes apresentou normalização nos níveis hormonais. Além disso, muitos puderam interromper o uso de medicamentos para hipertensão, e a condição não voltou a ocorrer.

Próximos passos

Contudo, um outro estudo, envolvendo 120 pacientes, está em andamento para comparar o Triplo T com a cirurgia tradicional. Os resultados se esperam em 2027.

De acordo com Bortolotto, “Se o diagnóstico do aldosteronismo primário for feito precocemente e o tratamento adequado for realizado, seja com cirurgia ou com essa nova técnica, pode haver possibilidade de cura da hipertensão”.

Se os resultados forem confirmados, a nova abordagem pode representar então um grande avanço no tratamento da hipertensão secundária, oferecendo uma opção menos agressiva para os pacientes.

G1

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