O Juízo da 1ª Zona Eleitoral de João Pessoa recebeu denúncia apresentada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) e tornou réus a primeira-dama da capital, Lauremília Lucena; a ex-vereadora Raíssa Lacerda; e outras oito pessoas por aliciamento violento de eleitores nas eleições municipais de 2024. A polícia prendeu Lauremília e Raíssa no ano passado.
Denunciaram:
- Maria Lauremília Assis de Lucena (primeira-dama de João Pessoa)
- Tereza Cristina Barbosa Albuquerque (secretária de Lauremília Lucena)
- Raíssa Gomes Lacerda Rodrigues de Aquino (ex-vereadora de João Pessoa)
- Kaline Neres do Nascimento Rodrigues
- Keny Rogeus Gomes da Silva (vulgo “Poeta” ou “Negrão”)
- Pollyanna Monteiro Dantas dos Santos
- Taciana Batista do Nascimento
- David Sena de Oliveira (vulgo “Cabeça”)
- Josevaldo Gomes da Silva
- Jonatan Dario da Silva

As defesas
A defesa de Lauremília Lucena e de Tereza Cristina afirmou estar confiante no trabalho da Justiça e que provará a inocência delas ao longo do processo. Conforme os advogados, elas continuam colaborando com as investigações e veem com tranquilidade o oferecimento da denúncia.
De acordo com a defesa de Keny Rogeus Gomes da Silva, ela recebeu a denúncia com serenidade, por se tratar de consequência natural do curso processual, e que aguarda a devida intimação e o acesso integral ao conteúdo da denúncia e seus anexos.
A defesa de Raíssa Lacerda disse que nunca teve acesso à íntegra do processo, mas afirmou que refuta todas as acusações contra a ex-vereadora e que está certa da inocência dela.
Já a defesa de Pollyana Monteiro disse que enviaria uma nota, mas não se manifestou até a última atualização da publicação.
As investigações fazem parte da Operação Território Livre, deflagrada para desarticular uma organização criminosa, que, de acordo com o MPE, era formada por agentes políticos, servidores públicos e integrantes da facção criminosa Nova Okaida. Todos os dez réus foram denunciados pelo Ministério Público por organização criminosa, corrupção eleitoral, coação eleitoral e peculato.
A denúncia aponta que a facção exercia controle territorial em bairros de João Pessoa, como São José e Alto do Mateus, e por meio de intimidação e violência, restringia a livre manifestação política e o direito ao voto. Em troca, líderes da organização e familiares receberam cargos e benefícios na administração municipal.
Conforme o órgão, as investigações reuniram provas por meio de interceptações telefônicas, mensagens eletrônicas, documentos oficiais e apreensão de valores em espécie.
Ao receber a denúncia, o juiz eleitoral Gustavo Procópio Bandeira de Melo levantou parcialmente o sigilo do processo, mantendo sob sigilo apenas os dados sensíveis dos envolvidos.
Prisão durante a campanha eleitoral
As investigações que apontam a existência de uma organização criminosa com a participação dos denunciados começaram durante as eleições do ano passado. A primeira-dama Lauremília Lucena chegou a ser presa em uma ação da Polícia Federal. Tereza Cristina, secretária dela, também esteve detida na mesma ação.
Em uma fase anterior, a Operação Território Livre prendeu outros cinco investigados. Entre eles, a então vereadora Raíssa Lacerda.
Quem é Lauremília Lucena ?
Natural de Sousa, no Sertão da Paraíba, Maria Lauremília Assis de Lucena é casada com Cícero Lucena, atual prefeito de João Pessoa. Ela desempenhou papéis importantes na política paraibana ao longo das últimas décadas, ganhando destaque ao ser a primeira mulher a assumir o cargo de vice-governadora da Paraíba, entre 2003 e 2006, durante o governo de Cássio Cunha Lima.
Nesse meio tempo, ela já havia ocupado o posto de primeira-dama tanto do Estado quanto da capital, nos mandatos de Cícero Lucena como governador em 1994 e prefeito de João Pessoa, entre 1997 e 2005.