Quando dropou uma onda gigantesca, na última sexta-feira, 19 de dezembro, Rodrigo Koxa sentiu bastante medo. Ele temeu pela própria vida ao perceber a força e a velocidade da bomba que ele estava surfando no pesado mar da portuguesa Nazaré. Porém, finalizando o paredão, o experiente surfista de 46 anos vibrou muito, pois saiu ileso e sentiu que tinha tudo para recuperar o recorde mundial de maior onda surfada em todos os tempos.
A marca histórica foi do paulista de Jundiaí entre 2017 e 2022. Os 24,38m dele foram superados pelo alemão Sebastian Steudtner, com 26,21m, também em Nazaré. Em grande forma, Koxa, que foi colocado na onda pelo piloto Vitor Faria, acredita que a morra de sexta vai ter um tamanho oficializado entre 27 e 28 metros. A prévia foi feita pelo site especializado português Surftotal.
– Eu fiquei em choque de verdade, com medo, de verdade. Se essa onda te pega, acaba com a sua temporada, com a sua vida. Eu conheço muito Nazaré, tenho 13 anos de Nazaré e é uma onda muita arriscada. Quando eu consegui entrar para dentro, eu tentei entubar em cima, vi que deu uma baforada enorme, já saí explodindo e não entendi nada – conforme Koxa.
– Cada imagem nova que chega da minha onda, estou ficando mais confiante com a possibilidade de um novo recorde. Foi uma onda especial demais, eu fiquei vibrando. Todos que estavam no canal, como os fotógrafos e os cinegrafistas, gritavam, berravam e comemoravam como se fosse gol de futebol. Isso para mim não tem preço, é incrível, é um gol de Copa do Mundo – acrescentou ele.
O Recorde
Surfada a onda gigantesca, entra agora a fase de busca por homologação do recorde. Até setembro deste ano, o processo se comandava pela WSL, a Liga Mundial de Surfe. Mas a entidade abriu mão do papel e divulgou se tratar de uma questão estratégica para focar mais em competições e eventos ao vivo. O trabalho volta aos antigos donos: o Guinness World Records bem como o Big Wave Challenge Group.
Os critérios de medição de ondas grandes geram debates calorosos no meio do surfe. Como os paredões quebram a uma distância de mais de 400m da areia, a forma usada hoje para se medir uma onda é em cima de vídeos e fotografias. E a principal referência utilizada para medir uma onda é o tamanho do próprio surfista. De acordo com o material divulgado por Koxa, a onda teria 17 vezes o tamanho dele, que mede 1,72m, daí a expectativa de 27 a 28 metros. Além disso, recentemente, também passou a se utilizar como critério o tamanho da perna do surfista.
– Vários big riders lendários fazem parte dessa banca que passou a avaliar as ondas de novo. A minha onda deve ser homologada no próximo evento do Big Wave Challenge, em 2026, provavelmente em setembro – conforme Rodrigo, que lançou recentemente um documentário intitulado “A verdade sobre os recordes: a história das maiores ondas do mundo por Rodrigo Koxa”.
Guiness
Recuperar o recorde no Guiness iria coroar definitivamente a carreira de um dos mais respeitados big riders do mundo.
– Eu sou uma pessoa muito realizada, já consegui em vida um recorde. Hoje eu vivo esse amor e essa essência de continuar surfando, fazendo o que eu amo. Eu tenho um time muito capacitado e sei que se eu estiver no lugar certo, eu vou pegar a maior onda – conforme Rodrigo.
– Meu trabalho sempre foi focado em pegar a maior onda do ano. Acho que estou como favorito neste ano. A temporada ainda não acabou, teremos ainda janeiro e fevereiro com ondas enormes. Mas neste momento, eu sou o favorito – finalizou ele.
No dia que poder virar o momento da maior onda surfada em todos os tempos, Rodrigo Koxa contou, além de Vitor Faria na pilotagem do jet-ski, com uma equipe formada por outros quatro profissionais: Victor Mascarenhas (jet de backup), bem como Laura Chichorro (spotter), Luís Carriço (suporte) e Alberto Porcelli (suporte).
