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Não existe recomendação médica formal de alimentos capazes de mudar o cheiro ou gosto íntimo. — Foto: Freepik

É comum que dúvidas sobre cheiro ou gosto da região íntima —e dos fluidos envolvidos na intimidade, como secreções vaginais e sêmen— acabem sendo atribuídas à alimentação. Na prática médica, porém, essa relação não é direta nem imediata. Não existe comprovação científica de que o que se come seja capaz de alterar, por si só, o cheiro ou o gosto dos fluidos corporais.

Isso acontece porque essas características estão muito mais ligadas ao funcionamento do organismo, ao equilíbrio da microbiota, aos hormônios e aos hábitos do dia a dia do que a um alimento específico.

“A alimentação não age de forma direta sobre o cheiro ou o gosto dos fluidos corporais”, explica Raquel Magalhães, ginecologista do Hospital Nove de Julho, da Rede Américas. “O que ela pode fazer é influenciar o pH e o ambiente biológico de maneira indireta, favorecendo —ou não— o equilíbrio da microbiota. Não existe um efeito imediato ou controlável.”

Alimentos não ‘adoçam’ fluidos, mas podem favorecer desequilíbrios

Essa diferença ajuda a entender por que o mito persiste. Segundo Raquel, dietas ricas em açúcares e carboidratos refinados podem alterar o ambiente biológico de mucosas e secreções.

“No caso das mulheres, o aumento do glicogênio pode favorecer desequilíbrios da flora vaginal, como a candidíase, o que pode alterar odor e conforto”, explica. “Não é que o alimento ‘adoce’ a secreção, mas ele pode criar um ambiente mais favorável a alterações.”

O mesmo raciocínio vale para outros fluidos corporais. O sêmen, por exemplo, tem composição própria e pH naturalmente alcalino, influenciado por fatores como hidratação, saúde metabólica, consumo de álcool, tabagismo e hábitos alimentares gerais. Entretanto, não responde de forma imediata ou previsível a um alimento específico.

Por isso, embora frutas como o abacaxi apareçam com frequência nessas conversas, não existe recomendação médica formal de alimentos capazes de mudar o cheiro ou gosto íntimo.

“A ingestão adequada de água e uma alimentação equilibrada têm muito mais impacto do que qualquer alimento isolado”, explica Raquel.

A avaliação é compartilhada por Vanessa Cairolli, médica ginecologista e obstetra. “O corpo não funciona em compartimentos. A alimentação influencia o organismo como um todo — inclusive suor, secreções e sêmen —, mas não de forma imediata nem direcionada”, diz.

O que realmente interfere no cheiro e no gosto do corpo

Segundo as especialistas, cheiro e gosto dos fluidos corporais resultam da combinação de vários fatores, com destaque para o equilíbrio biológico geral.

Entre eles estão:

“O corpo produz diferentes fluidos —secreções vaginais, sêmen e suor— e todos eles refletem o funcionamento global do organismo”, explica Raquel. “Não existe um alimento capaz de ‘corrigir’ isso pontualmente.”

Cheiro esperado x quando merece atenção

Ter cheiro não é sinal de sujeira. Secreções e fluidos corporais têm odor próprio, que pode variar ao longo do ciclo menstrual, após a relação sexual ou conforme a hidratação —mudanças esperadas e temporárias.

O alerta surge quando há odor intenso, persistente ou associado a outros sintomas, como dor, coceira, ardor, corrimento alterado ou desconforto durante o sexo.

“Nesses casos, a causa costuma ser clínica —infecção, inflamação ou desequilíbrio— e não alimentar”, explica Raquel. “A avaliação médica é fundamental.”

Duchas e truques caseiros não resolvem

Na tentativa de “corrigir” cheiro ou gosto, muitas pessoas recorrem a duchas íntimas, produtos perfumados ou receitas caseiras. As especialistas alertam: essas práticas não são recomendadas.

“Elas podem alterar o pH, desequilibrar a microbiota e aumentar o risco de infecções”, diz Raquel. “O corpo não precisa ser neutralizado.”

Vanessa Cairolli reforça que a higiene adequada envolve cuidados simples, voltados à parte externa, sem interferir nas mucosas. “A ducha vaginal não apenas não previne infecção, como pode causar.”

Hábitos que realmente ajudam

Entre as orientações médicas estão:

“A região íntima não precisa ser doce, perfumada ou ter gosto de fruta”, resume Raquel. “Ela precisa estar saudável, equilibrada e confortável.”

A pressão sobre o corpo feminino

Para além dos fatores biológicos, a relação com o cheiro e o gosto da vagina envolve expectativas e pressão estética dirigidas quase exclusivamente às mulheres. Segundo Marina Vasconcellos, psicóloga, psicodramatista e terapeuta familiar pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), essa preocupação costuma aparecer com mais força nos momentos de maior intimidade.

“Criou-se a ideia de que a vagina precisa ser neutra, sem cheiro, sem gosto, como se não fizesse parte de um corpo vivo”, explica. “Isso faz com que muitas mulheres interpretem qualquer odor como sinal de problema, quando, na verdade, o corpo saudável também tem cheiro.”

Ela observa que é comum mulheres chegarem ao consultório sem qualquer alteração clínica, mas com medo de desagradar o parceiro. “Elas relatam tensão durante o sexo oral, evitam determinadas posições ou criam rituais de limpeza excessivos antes da relação. O desconforto não vem da vagina em si, mas da expectativa.”

Segundo Marina, padrões estéticos e a pornografia reforçam a noção de que o corpo feminino desejável é aquele sem pelos, sem secreções visíveis e sem cheiro. “Isso desloca o foco do prazer para a vigilância constante do próprio corpo. A mulher deixa de estar presente na experiência porque está ocupada em se avaliar.”

Esse tipo de cobrança pode afetar diretamente o desejo e a vivência da sexualidade. “Quando a preocupação com o cheiro ocupa a cena, o prazer sai de cena. O sexo passa a ser vivido como desempenho.”

“Cuidar da saúde íntima é legítimo. O problema é quando esse cuidado vira uma tentativa de apagar algo natural para caber em um padrão irreal —o que gera ansiedade, vergonha e afastamento da própria sexualidade.”

G1

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