
O meia Everton Ribeiro, do Bahia, comoveu a comunidade do futebol ao anunciar, na última segunda-feira, 5 de outubro, que foi submetido a uma cirurgia para tratar um câncer de tireoide. Para detalhar os tipos de tratamento e o processo de recuperação de pacientes com a doença, o Terra consultou o oncologista de cabeça e pescoço Dr. William Nassib William Jr., co-líder nacional da área na Oncoclínicas.
Conforme Nassib, após o diagnóstico de um câncer na tireoide, a principal recomendação é obter uma avaliação de uma equipe multidisciplinar, que inclua cirurgião de cabeça e pescoço, endocrinologista, radiologista e, conforme necessário, médico nuclear e oncologista. Assim, será possível traçar as práticas necessárias no processo de recuperação, que costuma ser rápido, mas que afeta a rotina de treinamentos.
“Em geral, o câncer de tireoide é tratado com cirurgia seguida ou não de radioiodoterapia. A cirurgia exige um processo de recuperação que geralmente é rápido. Durante esse processo, a rotina de treinos pode ficar prejudicada”, explica o especialista.
Caso de Éverton
No caso do meia do Bahia, o jogador já passou pelo procedimento cirúrgico e está em fase de recuperação. No entanto, sua rotina pode sofrer alterações. Apesar de a recuperação ser considerada rápida, o médico alerta que, em alguns casos, a necessidade de reposição hormonal pode prolongar o período de cuidados.
“Frequentemente após a cirurgia, existe a necessidade de reposição de hormônio tireoideano. As doses de hormônio são individualizadas e um ajuste fino pode ser necessário. Esse ajuste pode demorar e interferir no desempenho de atletas de alta performance”, complementa Nassib.
A cirurgia levanta uma preocupação extra na rotina do atleta Everton Ribeiro: o doping. Embora o hormônio de reposição pós-cirúrgica não faça parte da lista de substâncias banidas, o risco reside em outras medicações necessárias no tratamento.
“O hormônio tireoideano que precisa ser reposto após a cirurgia não faz parte da lista de medicamentos banidos, mas no período pós-operatório, medicações para dor podem ser necessárias, e essas podem ser flagradas em um exame anti-doping”, analisa Nassib.
O que é o câncer de tireoide?
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de tireoide é o tumor endócrino mais comum na região da cabeça e pescoço. A incidência da doença é maior no sexo feminino, atingindo as mulheres cinco vezes mais do que atinge os homens. Segundo a estimativa brasileira (2023-2025), o tumor aparece como o terceiro mais frequente em mulheres nas regiões Sudeste e Nordeste.
Alterações e sinais de alerta
A tireoide está sujeita a dois tipos de alterações: funcionais (que afetam a produção hormonal, podendo levar ao hipotireoidismo ou hipertireoidismo) e anatômicas, caracterizadas pela presença de nódulos
Os nódulos são extremamente comuns, afetando cerca de 70% a 80% das pessoas, muitas vezes sem que elas saibam. A grande maioria é benigna, com apenas 12% de chance de câncer.
A avaliação médica especializada é crucial em casos de histórico familiar de câncer ou radioterapia na infância, devido ao maior risco de malignidade. Além disso, a presença de sinais como rouquidão, aumento rápido do nódulo, dificuldade para engolir ou inchaço nos gânglios do pescoço exige atenção imediata.
Quais são os principais sintomas?
Alguns dos principais sinais e sintomas são o aumento dos gânglios do pescoço, rouquidão, falta de ar e dificuldade para engolir.