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As chamadas stablecoins, ativos digitais atrelados principalmente a moedas fiduciárias — notadamente as criptos de dólar — já representam uma fatia relevante do ecossistema de criptoativos global. Elas vêm se consolidando também como peça-chave na vida financeira de milhões de pessoas ao redor do mundo – inclusive no Brasil.

Atualmente, 90% de todas as stablecoins emitidas no mundo são de dólar. Daí a denominação informal “cripto de dólar”, mas há também de euro, yuan e real. A capitalização de mercado soma US$ 270 bilhões, com estimativas apontando para US$ 3,7 trilhões até 2030, segundo o Citigroup.

Só em dezembro de 2024, as transferências com stablecoins atingiram US$ 720 bilhões — um recorde histórico para um único mês. Em maio de 2025, o número de investidores ultrapassou os 160 milhões no mundo, mais do que todos os correntistas de J.P. Morgan, Bank of America, Wells Fargo e Citibank, os quatro maiores bancos dos EUA, somados. Diariamente, o volume transacionado com esses ativos supera o do Bitcoin, que é a cripto mais conhecida.

Brasil

No Brasil, o uso também é crescente. De acordo com a empresa de monitoramento e análise de dados nas redes blockchains Chainalysis, essas criptos de dólar já representam 70% dos fluxos entre plataformas de negociação de criptos (as exchanges).

Segundo André Portilho, sócio do BTG e fundador da plataforma cripto Mynt, as criptos de dólar fazem parte de um movimento evolutivo do dinheiro: “Da moeda de prata ao papel pintado com lastro em ouro, depois sem lastro em ouro, até chegar ao Pix”, exemplifica. “O dinheiro é vivo e evolui com a tecnologia. As stablecoins são só mais um capítulo dessa transformação.”

Na prática, essas criptos são basicamente utilizadas para remessas internacionais mais baratas (não há incidência de Imposto sobre Operações Financeiras, o IOF), para pagamentos transnacionais mais rápidos, proteção contra inflação de moedas mais fracas e inclusão de desbancarizados em países sem um sistema financeiro melhor desenvolvido. “É uma forma simples de ter exposição ao dólar — principalmente para quem está em países com moedas fracas ou sistemas bancários ineficientes”, resume Portilho.

A USDT

A maior stablecoin lastreada em dólar (daí o apelido “cripo de dólar”) é a USDT, emitida pela empresa global Tether, em seguida vem a USDC, da americana Circle. Juntas, as emissoras Circle e Tether detêm mais títulos americanos do que países como a Alemanha, o que mostra o peso desses ativos no sistema financeiro, de acordo com dados da Coinbase, maior empresa cripto dos EUA.

Para se ter uma ideia do crescimento na procura dessas criptos de dólar, só em junho, o volume negociado de USDT no Brasil cresceu 32%, chegando a quase R$ 10 bilhões, segundo o rastreador de transações Biscoint.

Já no idos de 2023, as movimentações dos brasileiros com USDT e USDC chamaram a atenção da Receita Federal. Em seu último relatório (o único com dados oficiais), o órgão identificou que, somadas, as transações correspondiam a 86% do volume total mensal, enquanto o Bitcoin ficava com meros 4%. Em novembro daquele ano, a Receita suspendeu a divulgação dos dados mensais.

Gustavo Cunha, planejador financeiro, estudioso do universo cripto e fundador da Fintrender.com, destaca o histórico inovador dessas duas stablecoins.

Resolver problema da Bitfinex

A USDT, por exemplo, nasceu em meados da década de 2010 para resolver um problema da Bitfinex, uma das maiores plataformas cripto da época. Isso em seu relacionamento com bancos tradicionais. “Cada vez que alguém queria comprar ou vender um criptoativo com dólar, era necessário acessar o sistema bancário — uma interface frágil, lenta e sujeita a interrupções”, descreve Cunha.

“A solução veio em forma de inovação”, destaca, já que com USDT é possível transferências em dólar sem recorrer aos bancos “analógicos” a cada transação.

Já a USDC – que é uma stablecoin já em consonância com questões regulatórias -, conforme relatório do Nubank, é o segundo criptoativo mais popular entre os usuários de sua plataforma. Ela representa 25% das primeiras compras no aplicativo, atrás apenas do Bitcoin. “As stablecoins são uma porta de entrada estratégica para o universo cripto. Isso especialmente para quem busca dolarizar seu patrimônio de forma simples e de baixo custo”, destaca Thomaz Fortes, diretor da unidade de cripto do Nubank.

Além disso, dados do banco cripto Bitybank mostram que 50% de toda a movimentação na plataforma já ocorre via as criptos de dólar — uma alta de 160% em 12 meses.

Pingos nos is

Mas para entender todo esse hype, é preciso esclarecer alguns conceitos. As stablecoins são criptomoedas lastreadas em ativos reais, que além de moedas, podem acompanhar commodities, como ouro, por exemplo. Originalmente concebidas para serem “moedas estáveis”, é preciso levar em conta que não são moedas propriamente ditas, tampouco são garantidas como estáveis, alertam os especialistas.

Para lançar uma stablecoin, o emissor (normalmente uma empresa privada) precisa compor uma reserva em ativos equivalente ao números de criptos (tokens) que serão colocadas no mercado. A lógica é teoricamente simples: para cada unidade emitida, há um ativo de valor correspondente mantido em reserva e a cripto deve manter uma paridade de preço com esse ativo. Isto é, para cada token de 1 USDT, por exemplo, é preciso ter o equivalente em US$ 1.

Dando banho no Bitcoin

Em 2025, os Estados Unidos deram um passo importante ao aprovar o Genius Act. Essa é uma legislação que cria um marco legal para stablecoins privadas, exigindo transparência, reservas 1:1 e auditoria externa. A nova legislação sinaliza o interesse do governo americano em consolidar sua liderança no setor, sob as bênçãos do presidente Donald Trump.

“A aprovação chancela a stablecoin como nova infraestrutura financeira e abre espaço para a entrada de grandes bancos nesse mercado”, avalia Portilho. O BTG Pactual, por exemplo, foi o primeiro banco brasileiro a entrar nessa seara. Já em abril de 2023, lançou sua própria moeda digital, o BTG DOL. Este ano, outras instituições, como o Itaú, já anunciaram que estão se movimentando no mesmo sentido.

No Brasil, o Banco Central abriu três consultas públicas para regulamentar esse tipo de criptoativo. Embora o país já tenha o Pix como ferramenta de pagamentos instantâneos, as stablecoins devem ocupar um papel complementar, principalmente em operações internacionais.

Polêmicas

Mas nem tudo são flores. Em junho, o Banco de Compensações Internacionais (BIS, conhecido como o banco central dos bancos centrais) publicou um alerta sobre as stablecoins, chamando-as de “forma ruim de dinheiro”. Para a instituição, esses ativos não são tão estáveis quanto parecem e podem representar riscos à estabilidade financeira e à soberania monetária. Isso, especialmente em países em desenvolvimento.

O BIS também criticou o fato de essas moedas operarem fora do sistema bancário tradicional. O BIS também defendeu o desenvolvimento de alternativas públicas, como as Central Bank Digital Currencies (CBDCs, as moedas digitais oficiais de bancos centrais).

“O alerta do BIS deve ser lido como um chamado à harmonização regulatória, e não como rejeição definitiva”, avalia Leandro Noel, cofundador da Avenia, emissora da BRLA, uma stablecoin lastreada em real (sim, elas já existem).

Com o avanço da regulação e o interesse crescente de empresas e usuários, tudo indica que as stablecoins continuarão a ganhar espaço nos próximos anos. Pontanto, tanto como meio de pagamento, quanto como reserva de valor. “Para que o sistema financeiro da nova era da tokenização funcione, o dinheiro também precisa ser tokenizado. Hoje, a stablecoin é o principal instrumento nesse sentido”, diz Portilho.

Eric Altafim, diretor de mesas e produtos do Itaú, em evento realizado no mês passado, reforçou que “a regulação vai aumentar a presença das stablecoins no cotidiano e permitir o crescimento do mercado”. Para ele, em um futuro muito próximo, “todo mundo vai usar” stablecoins, mas esse prazo — maior ou menor — depende de se estabelecer regras e trazer segurança aos usuários.

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